Uma mulher grávida perdeu o bebê após desenvolver um quadro de trombose dias depois de ter recebido a vacina AstraZeneca, no Rio de Janeiro. O caso está sendo investigado pela área de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde do estado.
A equipe da Vigilância em Saúde confirmou que se reunirá com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nesta segunda-feira (10/5) para que a entidade seja notificada formalmente sobre o assunto. Investigações deste tipo analisam o histórico de saúde dos pacientes para avaliar se é possível estabelecer uma causa entre a aplicação do imunizante e o evento adverso, pois outros fatores podem estar relacionados ao caso.
Durante a gestação, as mulheres possuem um risco natural de desenvolver tromboses, isso por conta das mudanças hormonais pelas quais o corpo passa. Até aqui, não há informações de que a vacina aumentaria as chances deste evento. “É muito complicado estabelecer uma relação de causa imediata porque existem vários fatores que estão relacionados à formação de coágulos e ser gestante é um deles”, explica a infectologista Ana Helena Germoglio.
Vacina e coágulos
A formação de coágulos sanguíneos foi incluída na bula da vacina AstraZeneca/Oxford como um dos possíveis efeitos colaterais do medicamento. Isso depois de casos de coágulos pós-vacina serem relatados às agências de saúde internacionais. No entanto, eventos assim são considerados muito raros, quando comparados ao total de pessoas vacinadas com o imunizante.
Segundo as autoridades de saúde, os benefícios da imunização contra a Covid-19 – doença que já tirou a vida de 3.294.694 pessoas em todo o mundo no último ano, de acordo com a Universidade Johns Hopkins – são superiores aos riscos, por isso a vacinação é recomendada.
A infectologista Ana Helena recomenda que as mulheres não deixem de se vacinar, uma vez que o risco de desenvolver quadro grave de Covid-19 após a infecção é muito mais alto do que o de apresentar um coágulo pós-vacina.
Quanto maior é a idade gestacional, a mulher tende a ter uma dificuldade respiratória aumentada pela crescimento do bebê. Com isso, viu-se o comprometimento da saúde de muitas gestantes, que tentem a evoluir para casos graves. Então os benefícios superam e muito o risco de tomar a vacina e ter um quadro de trombose”, esclarece.
É importante, entretanto, que as gestantes vacinadas fiquem atentas à possibilidade de aparecerem edemas (inchaços) dolorosos, que não regridem e que são gerados rapidamente. Também devem observar dor na perna aguda e unilateral (em um lado), dor de cabeça intensa e falta de ar progressiva. “Caso apareçam esses sintomas, a gestante precisa procurar o seu médico ou um pronto-socorro com urgência”, aconselha.