Há ainda muitas dúvidas sobre o impacto da covid-19 na saúde das gestantes, das mães que acabaram de ter seus bebês e também dos recém-nascidos. O próprio Ministério da Saúde, depois de constatar que a variante do vírus pode ser mais agressiva em gestantes, recomendou o adiamento da gravidez.
Mas uma revisão feita por pesquisadoras do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, publicada no Physiological Reports, mostrou que a amamentação pode ajudar a prevenir a covid-19 em bebês, além de proteger contra distúrbios gastrointestinais associados à doença.
A professora Patrícia Gama, pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, coordenou essa revisão ao longo do segundo semestre de 2020. Em entrevista, ela explica que o leite materno contém uma série de moléculas que vão além dos anticorpos e são importantes para a proteção contra uma série de doenças, inclusive a covid-19.
As moléculas presentes no leite fazem com que o bebê possa ter um quadro reduzido de sintomas e de consequências, se for infectado. Ele ainda não tem um sistema imunológico formado e depende, justamente, do leite, para que a mãe forneça a ele todas essas moléculas. Por isso, a amamentação é uma ponte tão importante para se garantir o crescimento e o desenvolvimento adequado”, destaca.
Há ainda um quadro de pesquisas mais recentes, focadas na situação das mães vacinadas. Como a professora explica, a vacina permite que os anticorpos, ao passarem por um processo chamado “soroconversão” no corpo das mães, passem ou não para o bebê. Ainda que muito recentes, Patrícia destaca que esses trabalhos “vêm sugerindo que, sim, esses anticorpos derivados da soroconversão da mãe, após a vacina, também passam para o bebê pelo leite”.