São Paulo, 22 de julho de 2021. Quase uma unanimidade nos consultórios mundo a fora, a cefaleia é um dos sintomas mais comuns na medicina, e é apontada por especialistas como uma das causas mais frequentes de procura por atendimento ambulatorial até serviços de emergência.
Popularmente conhecida como dor de cabeça, a cefaleia é considerada por autoridades em saúde a sétima doença mais incapacitante do mundo. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), apontam que 90% da população global já teve, tem ou vai sofrer com algum dos mais de 150 tipos diferentes de dor de cabeça.
O mal, que afeta mais de 140 milhões de brasileiros, atinge pessoas de todas as idades, já é responsável pelas queixas de mais de 80% das crianças e adolescentes, que chegam às consultas relatando pelo menos um episódio de cefaleia antes mesmo de completar 15 anos de idade. Dividida em dois tipos, a cefaleia nos pequenos exige maior critério de avaliação para um diagnóstico preciso e decisão clínica adequada. “Há as cefaleias primárias, que são recorrentes e não são causadas por doenças subjacentes ou problemas estruturais, podemos citar alguns exemplos clássicos que são a enxaqueca e a cefaleia tipo tensão. Há as secundárias, que são provocadas por doenças demonstráveis em exames. Exemplos de cefaleias secundárias são as decorrentes de doenças febris agudas, infecções do sistema nervoso central e de tumores” esclarece a médica pediatra Ana Paula Beltran Moschione Castro, (CRM 69748 – SP).
A doutora explica que a cefaleia infantil primária pode impactar diretamente a rotina das crianças quando se manifesta de forma recorrente. “As dores costumam ser frequentes, mas em muitos casos as crianças não conseguem expor a dimensão do problema, que, sem uma observação mais dedicada, acaba sendo associado a outras doenças. Por isso, com os menores a atenção deve ser redobrada. Um olhar mais atento dos pais e mães sobre o comportamento e a frequência das queixas ajuda a identificar o problema. É importante avaliar como estas dores mudam o cotidiano das crianças. Se ela deixar, por exemplo, de fazer alguma atividade que gosta muito, é hora de acender o alerta”, orienta.
Enxaqueca, um capítulo à parte
Entre as causas mais comuns da cefaleia, está a enxaqueca que atinge nada menos que 15% da população global, segundo levantamento da OMS. No Brasil, são mais de 30 milhões de pessoas afetadas pela doença, sendo 6% dos pacientes ocupando a ala pediátrica. “A enxaqueca é uma das causas mais importantes de cefaleia primaria em pediatria e, assim como nos adultos, o diagnóstico é baseado em critérios clínicos. Porém, em crianças, detectar o problema requer mais cautela. A avaliação é desafiadora, pois a história pode ser fragmentada e os sintomas variam amplamente, de acordo com a faixa etária do paciente”, orienta a pediatra.
Além disso, destaca a especialista, algumas peculiaridades que ajudam no momento de detectar o problema e indicar o tratamento. “É preciso observar a duração dos episódios de dor, levar em conta a localização da dor. Também alguns pacientes costumam apresentar dificuldades para descrever os sintomas como a foto e fonofobia e, especialmente, a própria intensidade da dor”. A médica pontua ainda que as escalas analógicas de sintomas podem ajudar na adequada avaliação da intensidade da dor. “Há algumas síndromes específicas da infância, como a enxaqueca abdominal (dores abdominais e vômitos cíclicos) e a vertigem paroxística benigna da infância (crises vertiginosas em crianças pequenas), que podem, inclusive, ocorrer sem dor de cabeça associada”. Outras queixas comuns são vertigens, zumbidos, alterações do nível de consciência, e sintomas visuais, sendo quase sempre resolvidas em uma hora.
Nos casos em que o pediatra faz a suspeita do diagnóstico de enxaqueca, a criança pode ser avaliada por um neurologista, pois pode-se fazer necessário um seguimento mais especializado e possivelmente com medicação apropriada.
Para ajudar a reduzir os impactos da doença, na cefaleia primária, é preciso investir em metodologias eficazes de tratamento, assegurando o bem-estar e a qualidade de vida desde os primeiros anos de vida. “Ter em mãos a fórmula mais indicada para tratar e controlar as crises é fundamental. O ibuprofeno é um princípio ativo eficiente e seguro para controlar e minimizar dores de cabeça em crianças. A substância é estudada há pelo menos 60 anos e tem eficácia comprovada para tratar a cefaleia e enxaqueca. Como tem ação rápida e, predominantemente analgésica, é uma das mais recomendadas da atualidade. A medicação, na dose certa, na hora certa, é um cuidado que evita uma corrida aos postos de saúde – ambientes que podem oferecer riscos de exposição ao novo coronavírus – e ainda ameniza a dor de forma rápida e eficaz”, afirma.
A orientação da especialista segue as diretrizes da Academia Americana de Neurologia, que recomenda a terapia à base das substâncias que compõem a formulação do ibuprofeno – hoje a medicação mais estudada para o tratamento das enxaquecas. Além disso, algumas mudanças simples e práticas no cotidiano podem ajudar a reduzir as crises e aliviar o sofrimento relacionado às dores. “A orientação é adotar hábitos saudáveis, como melhorar a qualidade do sono; praticar atividades físicas; alimentar-se corretamente; evitar situações de estresse manter-se hidratado, bebendo a quantidade de água suficiente”, conclui.