Estamos no Agosto Branco, mês dedicado à conscientização sobre o câncer de pulmão, doença que pode afetar fumantes e não fumantes e é um dos tipos de câncer mais incidentes no Brasil: o terceiro entre os homens e o quarto entre as mulheres, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Infelizmente, quando a estatística é sobre mortalidade, a doença sobe posições. A patologia é o tipo de câncer que mais mata os brasileiros, com quase 17 mil mortes ao ano, e a segunda em relação às mulheres, com mais de 12 mil mortes anuais, atrás somente do câncer de mama.
Mas você sabia que os avanços da ciência no que diz respeito às novas terapias para combater os tumores vêm modificando essa curva de letalidade ao longo das últimas duas décadas e animam a comunidade científica e os pacientes? Além disso, o câncer de pulmão é a patologia em que a chamada medicina personalizada está mais avançada, com a descoberta de alterações genéticas nas células tumorais e o desenvolvimento de soluções específicas para tratá-las, como as terapias-alvo e as imunoterapias.
Um exemplo desses avanços é o recente estudo de fase III IMpower010 para câncer de pulmão inicial, ou seja, quando a doença ainda está localizada e não atingiu outros órgãos. O tratamento com atezolizumabe após cirurgia e quimioterapia reduziu, de forma inédita, o risco de recorrência da doença ou morte (sobrevida livre de doença) em 34% em pessoas com câncer de pulmão de não pequenas células em estágio II-IIIA, que sejam positivas para o biomarcador PD-L1.
O mais interessante é que, após mais de 16 anos sem mudança no padrão de tratamento para esses pacientes, este novo resultado com a imunoterapia atezolizumabe demonstra melhora na sobrevida livre de doença, oferecendo um avanço importante em um cenário com opções terapêuticas que eram limitadas e associadas à baixa sobrevida.
William Nassib William Junior, oncologista de tórax e cabeça e pescoço, diretor de Oncologia e Hematologia do Hospital BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, pode explicar como a imunoterapia foi uma das maiores inovações dos últimos tempos no tratamento do câncer de pulmão avançado e, agora, esta tecnologia está chegando para pacientes com doença inicial.
Para o médico, o estudo IMPower010 indica que esta estratégia possa eventualmente aumentar as chances de cura dos pacientes que passaram por cirurgia e quimioterapia para um tumor localizado.