Criado em 2009, o Bitcoin é a primeira criptomoeda e atualmente está avaliada em mais de R$ 240 mil. Desde a sua criação, diversas outras entraram no mercado e, segundo especialistas, as transações envolvendo os ativos são uma tendência cada vez mais forte. Além do Bitcoin, hoje o mercado de moedas digitais conta com outros nomes conhecidos como Ethereum (ETH), Cardano (ADA), Binance Coin (BNB), Dogecoin (DOGE), Litecoin (LTC), entre outras.
As criptomoedas ou moedas virtuais são um ativo digital descentralizado, ou seja, não são reguladas por nenhuma instituição. Todas as movimentações feitas com as criptomoedas são armazenadas e criptografadas por uma rede de sistemas conhecida como “blockchain” que, na prática, funciona como um livro de caixa.
Esses ativos têm um processo de geração complexo e caro, que consiste na resolução de um problema matemático por meio de um algoritmo: é a chamada mineração de criptomoedas. É a partir desse procedimento que novos ativos entram no mercado. Na prática, a mineração poderia ser feita por qualquer pessoa, mas acabou se tornando algo extremamente difícil, especialmente no caso dos Bitcoins, explica o professor André Miceli, coordenador do curso de Marketing e Negócios Digitais da FGV.
“O custo de processamento e de energia elétrica para a geração de um Bitcoin acabou ficando muito alto e as empresas tomaram conta do jogo, mas no início eram pessoas comuns”, afirma Miceli.
Ao contrário do que tem sido prometido por empresas envolvidas em fraudes e esquemas de pirâmide, não é possível prever a tendência das criptomoedas, caracterizadas por serem extremamente voláteis. A valorização desses ativos vai depender de diversos fatores e segue as tendências de mercado, conta.
“Quando o Elon Musk afirma que a Tesla aceitará transações por meio de Bitcoins, o valor sobe, porque as pessoas entendem que vai haver um interesse pela moeda. Esse movimento de interesse de compra faz com que o preço suba”, detalha Miceli. “Quando ele falou que não iria mais aceitar, outras empresas acompanharam esse movimento. Isso significa que vai haver uma diminuição da demanda, então o preço cai”, completa ele.
Apesar de poder render bons frutos, o mercado de criptomoedas é uma aposta arriscada e, para o especialista, “é importante que as pessoas leiam os dois lados da história e formem sua própria opinião”.
Para evitar golpes, antes de começar a investir, é fundamental buscar informações acerca dos tipos de investimento disponíveis e as maneiras de entrar no mercado das moedas digitais. Para isso, fontes credenciadas e especialistas são o principal caminho na hora de dar o primeiro passo. Por isso, a educadora financeira da Ativa Investimentos, Beatriz Moraes, dá algumas dicas para identificar fraudes e evitar dores de cabeça.
Promessa de lucro
Um dos maiores atrativos do mercado de criptomoedas, a “valorização rápida” desses ativos tem convidado muitas pessoas ao mundo dos investimentos. No entanto, promessas que parecem boas até demais podem ser um caminho perigoso, explica a educadora financeira.
“As pirâmides acabam fazendo promessas muito surreais. Têm pirâmides que oferecem lucro de 8% a.m. de lucro e a taxa Selic está em 5,25% a.a. Então se você ver um investimento que está te pagando valores absurdos de forma garantida, é para ligar o alerta de que tem alguma coisa errada”, explica ela.
A Selic é a taxa básica de juros da economia definida pelo Banco Central e atua como o principal instrumento de política monetária utilizado para controlar a inflação. Ela influencia todas as taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras. “A Selic é uma taxa que manda em todas as outras, então como vai existir uma taxa tão acima dela dessa maneira e de forma garantida?”, pontua Beatriz.
Identificando as “pirâmides”
Além das promessas de lucro, outra tática comum utilizada em fraudes é a obrigatoriedade de convidar mais pessoas para garantir o lucro em um determinado investimento, prática que não existe no mercado financeiro.
Outra característica que pode facilitar a identificação dos esquemas são as transações envolvendo depósitos em contas de terceiros. Para isso, Beatriz deixa claro que “se você tiver que depositar em outra conta que não seja sua, isso provavelmente é um golpe”.
As propostas fraudulentas, segundo a especialista, podem vir de todos os lugares. Como os esquemas de pirâmide necessitam da participação de outras pessoas para funcionar, as propostas podem chegar por telefone, e-mail e redes sociais.
“Muitas pessoas promovem as pirâmides nas próprias redes sociais, em busca de [novas] pessoas para que eles possam ter o retorno prometido. Isso pode vir de familiares, amigos, anúncios ou qualquer outro lugar. É importante entender os sinais de que aquilo é um golpe”, disse Beatriz.
Roubo de dados
Outra prática bastante usada por criminosos e que requer atenção no meio virtual é o “phishing”, técnica para “pescar” informações e dados pessoais importantes através de mensagens falsas. Nesses casos, o usuário é levado a informar dados sigilosos que permitirão o roubo de suas criptomoedas. Para isso, é importante checar o domínio dos e-mails, principalmente se eles vierem acompanhados de links estranhos duvidosos.