O feminicídio foi tema de um debate realizado no auditório do Parque das Águas, em Alcântara, entre a deputada estadual Zeidan (PT), o médico Dimas Gadelha, a psicóloga Mariantonia Graça e a psicanalista Fabiana Alcântara. Zeidan foi relatora da CPI do Feminicídio na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e ressaltou o aumento da violência contra a mulher ao longo da pandemia.
“É preciso falar de números para mostrar a vocês como a violência contra as mulheres está hoje no nosso estado. O primeiro decreto para combater a propagação do coronavírus no território fluminense foi baixado em 13 de março de 2020. Desse dia até o final o ano, foram 293 dias em que o RJ teve algum nível de isolamento social. Nesse período, mais de 73 mil mulheres foram vítimas de algum tipo de violência no estado. Isso significa que 251 mulheres foram vitimadas por dia durante o isolamento social em 2020 no Rio”, enumerou a parlamentar, citando o resultado do levantamento feito pelo Núcleo de Estudos ISP Mulher, do Instituto de Segurança Pública. “São dados alarmantes, precisamos combater essa violência em cada canto do nosso estado”, disparou Zeidan.
Já o médico Dimas Gadelha colocou a importância das políticas públicas para garantir igualdade de direitos.
“De cada quatro mulheres, uma já sofreu violência e isso precisa ser combatido com as políticas em todos os níveis de poderes. A participação e o empoderamento das mulheres, assim como a qualificação dos serviços e dos profissionais, podem nos ajudar a mudar esse cenário. Enquanto fui secretário de Saúde de São Gonçalo, tive essa preocupação de melhorar o atendimento e os serviços médicos, principalmente para a população feminina, que é maioria na nossa cidade, no nosso estado e no nosso país”, declarou Dimas.
A psicóloga Mariantonia Graça falou dos anos em que passou ao lado de um marido violento. “Foi difícil me livrar de um casamento onde sofria com a violência doméstica. Eu não tinha pai, mãe, irmãos e ele achava que eu seria eternamente dependente dele. Mas consegui sair da situação de abuso e estou aqui sendo exemplo para outras mulheres, pois a gente sempre pode o que a gente quiser, lutando e batalhando muito”, afirmou.
Já a psicanalista Fabiana Alcântara explanou sobre a importância do empoderamento feminino no processo de prevenção e libertação do problema. “Não podemos esperar que as mulheres virem números nas estatística do feminicídio. Precisamos cada vez mais de empoderamento. É preciso que estejamos no mercado de trabalho. Ninguém é escravo de ninguém, e devemos estar com alguém por amor e por prazer, não por obrigação”, finalizou.
O debate ocorreu com a presença de aproximadamente cem pessoas, sendo a maioria da plateia composta por mulheres e lideranças de vários setores.