O jornalista e cineasta Arnaldo Jabor, de 81 anos, morreu na madrugada desta terça, 15, em São Paulo. Ele estava internado desde o dia 16 de dezembro no Hospital Sírio-Libanês após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC). Segundo a família, as complicações do AVC foram a causa da morte.
No dia 29 de dezembro, Jabor havia apresentado uma melhora progressiva do quadro neurológico. De acordo com o boletim médico, divulgado pelo hospital à época, o cineasta estava consciente. “O Sr. Arnaldo Jabor continua internado na UTI do Hospital Sírio-Libanês. Encontra-se consciente, em fase de recuperação do Acidente Vascular Isquêmico e melhora progressiva do quadro neurológico. Ele está sendo acompanhado pelas equipes médicas coordenadas pelo Dr. Rogério Tuma”, dizia o boletim médico.
Carreira
Cineasta que alcançou reconhecimento de público e crítica no final dos anos 1960, ainda sob os ecos do Cinema Novo, Jabor nasceu no Rio de Janeiro, em 1940, filho de um oficial da Aeronáutica e de uma dona de casa. Apesar de conhecido como diretor de filmes fundamentais, como Toda Nudez Será Castigada, ele também trabalhou como técnico de som, crítico teatral, roteirista e colunista de jornais e televisão.
Seu primeiro longa foi um documentário inovador, Opinião Pública (1967), em que realiza uma prospecção da mentalidade da classe média brasileira. Já nos anos 1970, com o aperto da censura política e social promovida pelo regime militar, envereda por caminhos metafóricos, como em Pindorama (1970), cujo excesso de barroquismo foi admitido por ele mesmo, anos depois.
Em 1973, dirige um de seus grandes filmes, Toda Nudez Será Castigada, a partir da peça de Nelson Rodrigues, ácida crítica à hipocrisia da moral burguesa e seus costumes. Dois anos depois, lança O Casamento, também adaptação da obra de Nelson, em que flertou com o grotesco e o histérico, sem, contudo, atingir a maestria do longa anterior. Com Tudo Bem (1978), inicia a chamada Trilogia do Apartamento, em que investiga novamente as contradições da sociedade brasileira, agora com forte ironia, especialmente as famílias vitimadas pelo fracasso do milagre econômico.
Já em 1980 lançou Eu Te Amo, análise intimista e sexual de um casal, interpretado por Sonia Braga e Paulo Cesar Pereio. Finalmente, em Eu Sei Que Vou Te Amar (1986), repete de alguma forma o tom de psicodrama do trabalho anterior, agora com um casal mais jovem, Fernanda Torres e Thales Pan Chacon.