A divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA), na quarta-feira, 27, apenas confirmou algo que o consumidor brasileiro tem sentido no próprio bolso. Com a inflação desenfreada, com alta acumulada de 12,03% em 12 meses até abril, alimentos como cenoura e tomate encabeçam a lista de alimentos mais caros em 2022.
Além do impacto da pandemia de Covid-19, a guerra em curso na Ucrânia, que afeta diretamente o valor do petróleo e do combustível, consequentemente, reflete no preço final de muitas mercadorias. No entanto, o consultor de varejo Marco Quintarelli ainda aponta a questão climática como mais um adversário na incessante pesquisa por preços mais convidativos.
É o caso da ‘La Niña’, que pode se estender até o início de 2023. O fenômeno, conhecido pelas alterações climáticas em todo o mundo, influenciou o produção de milho e de tubérculos, com batata e cenoura. O período de chuvas acima da média provocou alagamento em várias regiões de plantio no país. A variação cambial completa o combo que tem pesado na hora fechar a lista de compras.
“Aponto como os principais vilões, os problemas provocados pelo La Niña, os reflexos da própria pandemia, com a ruptura de abastecimento e de produção de muitos itens desde 2021. Esse acumulo de fatores cria esse tipo de situação. E ainda podemos acrescentar a alta no preço do combustível e a variação cambial”, pontuou Quintarelli.
Com o quilo cotado a R$ 10 em praças como o Rio de Janeiro, a cenoura teve uma valorização de quase 200% nos últimos 12 meses e está ganhando status de iguaria rara no prato do brasileiro. No mesmo período, o tomate registrou um aumento de 117%, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na quarta.
Para especialistas, a previsão é de que os valores praticados no mercado continuem em alta nos próximos dois meses. Como o país passa pelo período de entressafra na produção do leite, com os campos mais secos com a proximidade do inverno, a disparada de laticínios é considerada esperada. Para driblar a alta, Quintarelli crê que o consumidor é o melhor fiscal de mercado há. Portanto, é preciso estar alerta, pesquisar promoções sazonais, diárias e comparar as ofertas em redes varejistas.
“Nossa vantagem é que somos um país tipicamente agrícola, com centenas de produtos variados. Temos sazonalidade. Portanto, aquele produto que está muito caro pode ser substituído por outro mais barato. Milho, batata doce e frutas de época, como caqui, devem ter oferta melhor. O consumidor tem que ficar atento para fazer o próprio dinheiro render”, destacou Quintarelli.