O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) instaurou nesta terça-feira um procedimento investigatório criminal para apurar as circunstâncias das mortes ocorridas durante a operação conjunta do Batalhão de Operações Policiais (Bope), da Polícia Militar, e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Vila Cruzeiro, Complexo da Penha, Zona Norte do Rio. O Ministério Público Federal (MPF) também investigará a participação dos agentes da PRF na ação, que resultou em ao menos 22 mortes, entre elas a de uma moradora.
Em nota, o MPRJ informa que determinou que o comando do Bope envie, em um prazo máximo de dez dias, “o procedimento de averiguação sumária dos fatos ocorridos durante a operação, ouvindo todos os policiais militares envolvidos e indicando os agentes responsáveis pelas mortes, além de esclarecer sobre a licitude de cada uma das ações letais”.
O advogado criminalista Gilberto Santiago, da Comissão de Direitos Humanos da Associação Nacional dos Advogados Criminalistas, socorreu um dos mortos na operação. Ele descreveu que o cenário na favela é de guerra. O maior número de mortes ocorreu na área de mata.
— Lá em cima está em um cenário de guerra, com sangue na rua, carros largados com portas abertas e barricadas. Eu vi três baleados, ao todo, mas apenas um, Nathan Werneck, que morreu no hospital, pediu para ser socorrido — diz o advogado.
O MPRJ anunciou que também vai instaurar procedimento investigatório criminal para apurar as mortes ocorridas na ação. A determinação é que o comando do Bope envie um procedimento de averiguação sumária dos fatos ocorridos durante a operação, “ouvindo todos os policiais militares envolvidos e indicando os agentes responsáveis pelas mortes, além de esclarecer sobre a licitude de cada uma das ações letais” em um prazo máximo de dez dias.
“A 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada também encaminhou ofício à Delegacia de Homicídios, recomendando que todas as armas dos policiais militares envolvidos na ação sejam apreendidas e enviadas para exame pericial, inclusive comparando com os projéteis que venham a ser retirados das vítimas”, diz o comunicado.
O número de mortos chega a 22, ao todo. O Hospital Getúlio Vargas registrou 21 das mortes. Gabrielle Ferreira da Cunha, de 43 anos, foi baleada e morta no entorno da Vila Cruzeiro durante a madrugada e não chegou a dar entrada na unidade.
De acordo com o chefe de Comunicação da PRF, Marcos Aguiar, a participação da Polícia Rodoviária Federal na operação se justifica pelo fortalecimento da facção por meio do roubo de cargas na cidade do Rio. A PRF operou com 26 policiais e 11 veículos blindados.