Em 2020, com a pandemia da Covid-19, o mundo sofreu a sua mais dramática e catastrófica experiência em saúde do último século.
Com o processo de vacinação avançando, já percebemos uma redução evidente nos números de casos novos e internações por sintomas graves, porém estamos assistindo aos impactos da doença em parte da população infectada, já que muitos pacientes contaminados pelo SARS-CoV-2 continuam apresentando sintomas por semanas após a fase aguda da doença.
Evidências científicas crescentes sugerem que 20-30% das pessoas infectadas evoluem com o que tem sido denominado de “Síndrome pós-Covid”, que consiste em uma série de condições físicas, mentais e emocionais experimentadas pelo paciente, que se estendem além das 4 semanas após a infecção inicial.
Foi o que constatou um estudo recente realizado pela Fiocruz Minas, que acompanhou cerca de 646 pacientes por 14 meses e verificou que, desse total, 50,2% tiveram sintomas pós-infecção, caracterizando o que a Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica como “Covid longa”.
Artigo recentemente publicado na renomada revista The British Medical Journal, o National Institute for Health and Care Excellence, no Reino Unido, dividiu os casos de Covid em 2 momentos: agudo, denominado “Covid-19 aguda”, que envolve casos com até 4 semanas de sintomas e Covid longa, que inclui tanto pacientes com sintomas em progressão e/ou permanentes por 4-12 semanas, como aqueles com sintomas por mais de 12 semanas, sendo este último caso denominado de “Síndrome pós-Covid”.
“Na prática, o que temos visto é uma grande procura nos consultórios e emergências de pacientes com passado de infecção pelo SARS-CoV-2, apresentando queixas persistentes de extrema fadiga, dores musculares, cansaço, palpitações, queda de cabelo, insônia e crises de ansiedade, corroborando com perda da qualidade de vida e grande impacto no cotidiano dessas pessoas”, explica a Dra. Joelma Dominato, coordenadora do Centro de Reabilitação Cardiopulmonar do Hospital de Clínicas do Ingá (HCI).
A médica complementa que ainda não há tratamentos medicamentosos eficazes para minimizar esses sintomas. Nesse contexto, a cardiologista alerta que a fisioterapia respiratória, além dos treinamentos de fortalecimento muscular e aeróbicos, têm sido importantes aliados para esses pacientes.
“Diariamente, atendemos pacientes com essas queixas aqui no nosso Centro de Reabilitação e, para a nossa felicidade, todos apresentam uma importante melhora ao longo dos meses de tratamento multidisciplinar”, finaliza.