A Prefeitura de Maricá, por meio da Coordenadoria Especial de Proteção Animal, visitou a aldeia indígena Mata Verde Bonita, em São José de Imbassaí, para acompanhar uma ação de prevenção contra a leishmaniose da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (FioCruz). A doença atinge principalmente cães e é causada por protozoário transmitido pelo mosquito conhecido como palha ou birigui, e pode também chegar a seres humanos. Os agentes realizaram exames em alguns dos cães que vivem na aldeia e, inicialmente, nenhum caso foi confirmado.
Um grupo de agentes da Vigilância Ambiental de Maricá e integrantes da ONG Hope também participaram da ação. De acordo com o coordenador de Proteção Animal, Fabiano Novaes, os primeiros exames não apontaram a presença do protozoário causador da leishmaniose. Segundo ele, a aldeia foi escolhida para o monitoramento depois que alguns animais apresentaram lesões na pele, e também em razão da grande incidência de cães abandonados pelos donos na comunidade indígena.
“O descarte desses animais é preocupante, porque os expõe a uma possível contaminação e também às pessoas que os cercam. Quem deixa os bichos aqui, supondo que eles estarão melhores, não conhece a realidade dos indígenas. Eles não conseguem dar conta dos cães sozinhos. Um animal deve caber no orçamento de uma família não apenas com alimentação, mas também com prevenção em saúde”, afirmou o coordenador fazendo um apelo à população para que não abandone os animais.
A cacique da aldeia, Jurema Nunes, agradeceu pelo trabalho de prevenção realizado e também reforçou o pedido para que não haja abandono dos cães por lá. “Fica complicado para nós porque, quando chega um cão aqui, não podemos deixá-lo com fome ao relento. Além disso, temos muitas crianças que ficam expostas. Por isso, peço que não os abandonem mais aqui”, pediu a líder indígena.
A ação foi comandada pelo professor Paulo Lisboa, que é coordenador do Programa de Saúde Única da FioCruz. Ele e sua equipe levaram kits para testagem rápida e os eventuais casos positivos serão comunicados a autoridades estaduais de saúde.
“Em Maricá, há poucos casos registrados historicamente porque os cães e gatos daqui são mais de casa mesmo, e também porque a presença do mosquito transmissor é bem pequena, mas o número de animais abandonados aumentou muito durante a pandemia, por isso o monitoramento é necessário”, explicou o professor recomendando o uso de coleiras com repelente e de manter os animais recolhidos nos horários de fim de tarde, quando o mosquito costuma agir.