Formada em administração, mineira de Santos Dumont e militante da educação e dos direitos humanos, a professora Giovane Saionara Ramos, de 55 anos, é a primeira mulher negra na direção do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (Iserj). Mestre em ensino em biociência de saúde, pelo Instituto Oswaldo Cruz, com doutorado em educação, pela Universidade de São Paulo (USP), Giovane destacou que há muitas demandas estruturais a serem enfrentadas pela instituição, como a falta de professores, e comunicação e interlocução entre os diversos segmentos que compõem a escola.
“A gente assumiu em meio a muitas demandas. Temos a questão da falta de comunicação, que as pessoas reclamavam muito; falta de professores, possibilidade de merenda para todos, interlocução entre os diversos segmentos e cuidar da estrutura da escola em geral. Precisamos checar o funcionamento de tudo, cuidar da inspetoria, vigilância, quadro de professores, ver como estão as bibliotecas”, disse. Para a professora, os desafios de gerir o Iserj se concentram na área estrutural. “Temos que lutar pela verba também, ela nos ajudaria muito nesse sentido. Faltam concursos também, principalmente para a área de educação infantil”.
A nova diretora contou que sempre teve um olhar voltado para as lutas sociais — a vontade de ser professora veio através de trocas com outros profissionais da área, éticos e comprometidos com a escola e universidade públicas. “Ser mulher e mulher negra não é fácil. Constituí-me professora ciente da minha negritude, voltando sempre o olhar para aquelas e aqueles que vieram antes de mim, nos estudos e nas lutas. A gente segue defendendo e lutando para que nossas meninas e nossos meninos possam colorir todos os espaços. O racismo estrutural está aí, doloroso e degradante, afetando a saúde mental. Que a educação pública nos ajude a livrar a sociedade desse cancro”, ressaltou.
O objetivo da Escola Normal em sua fundação era preparar os professores primários de 1° e 2° graus, com ensino gratuito, abrangendo dois cursos: o de ciências e letras e o de artes. O uniforme tradicional só seria instituído em 1915. A fachada do colégio já serviu de cenário para a série ‘Anos Dourados’. Atualmente, o edifício é uma instituição ligada à Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), que vai da creche à educação superior.