A Coordenadoria de Meio Ambiente da Guarda Municipal de Niterói resgatou, durante o ano de 2022, mais três mil animais silvestres em diversas áreas da cidade. Esses animais foram levados para tratamento quando feridos ou reintegrados à natureza quando estavam em boas condições de saúde. Entres as espécies resgatadas pelo grupamento no último ano estão gambás, corujas, morcegos, lagartos, capivaras, gaviões, pássaros diversos e as temidas cobras, que quando são peçonhentas são encaminhadas para institutos especializados e quando não possuem veneno voltam para seu habitat natural em unidades de conservação.
Sem cerimônia, esses bichinhos são capazes de entrar nas casas e foram encontrados em locais inusitados como: fendas de prédios, estantes dentro de casas, debaixo de pias de cozinha, em capôs de carros, forros de imóveis e beira de piscinas.
“Niterói tem uma extensa área verde que é protegida. Então fazemos o nosso papel de encaminhar os animais de acordo com o seu habitat e seu estado físico. Todos os guardas ambientais têm cursos de especialização e estão preparados para todos os tipos de resgate de animais. Quando resgatamos por exemplo filhotes de gambás ou pássaros nós os alimentamos até com mamadeiras. Não importa o tamanho ou espécie, o carinho com que são tratados é o mesmo”, explica o subinspetor da Guarda, Renato Macedo, responsável pela Coordenadoria.
Além do resgate desses animais, nos últimos dois meses os guardas ambientais da Prefeitura apreenderam e fizeram a soltura de mais de 1.800 caranguejos da espécie Uçá, que seriam comercializados ilegalmente. Os crustáceos foram soltos no manguezal de Itaipu, no Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset), na Região Oceânica. Conforme a portaria do Ibama N-52, de 30/09/2003, o período de defeso inicia em 1º de outubro e segue até 30 de novembro para machos e fêmeas, e de 1º a 31 de dezembro para as fêmeas, no Estado do Rio de Janeiro. Somente animais congelados inteiros podem ser comercializados, com a apresentação da declaração de estoque emitida pelas autoridades competentes.
O Caranguejo-Uçá tem um importante papel na natureza. Ele é conhecido como o jardineiro do mangue porque tritura as folhas, ajudando na sua decomposição por fungos e bactérias. Isso gera nutrientes para o solo, a água e a vegetação, ajudando na manutenção do ecossistema dos manguezais.
Tamanduá – Uma equipe da Coordenadoria de Meio Ambiente da Guarda Municipal de Niterói realizou, na última segunda-feira (19), a reintegração de um tamanduá-mirim ao seu habitat natural. O animal foi encontrado por moradores no quintal de uma casa em Itaipu, na Região Oceânica. A Guarda foi acionada através do 153, que atende no Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp), realizou o resgate e reintegrou o animal em uma área do Parque Natural Municipal de Niterói (Parnit).
O tamanduá-mirim é uma espécie comum em todas as áreas de floresta da América do Sul. São animais de hábitos que podem ser tanto diurnos quanto noturnos e se alimentam preferencialmente de formigas e cupins.
Agentes treinados – A Coordenadoria de Meio Ambiente da Guarda Municipal de Niterói é uma equipe especializada que tem treinamento para diversos tipos de resgate de animais e passam por cursos de reciclagem e capacitação. Os agentes podem ser acionados através do telefone 153, que atende no Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp) da Prefeitura de Niterói. Os guardas possuem cursos de resgate de animais silvestres, primeiros socorros, manejo de fauna, resgate e manuseio de animais peçonhentos, e transporte adequado, entre outras especializações.
O subinspetor Renato Macedo orienta que os moradores de Niterói acionem o serviço imediatamente ao encontrar um animal silvestre que precise de resgate e que não o alimente. Em 2017, foram 914 animais resgatados. De lá para cá o número aumentou e este ano ultrapassou três mil salvamentos.
“A população está mais consciente de que deve preservar o meio ambiente e conhece o trabalho da Coordenadoria de Meio Ambiente, por isso houve o aumento de ligações para o Cisp. Contamos com a ajuda da população para continuarmos a proteger os animais silvestres”, destaca.
Reintegração – A Guarda tem um procedimento para cada tipo de demanda. Após serem acionados, capturam o animal, que logo em seguida, tem suas condições físicas avaliadas pela equipe e, caso não apresente nenhum tipo de ferimento, é reintegrado à unidade de conservação mais próxima.
Já os que são resgatados e apresentam algum tipo de ferimento são encaminhados para instituições como o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras), que fica em Vargem Pequena, na Zona Oeste do Rio; Econservation, empresa de estudos e projetos ambientais, Centro de Triagens de Animais Silvestres (Cetas), em Seropédica; ou Instituto Vital Brazil quando é o caso de cobra venenosa.
Fiscalização ambiental e combate a incêndios na mata – Além do resgate de animais silvestres, os guardas ambientais atuam em apoio e combate ao fogo em vegetação em áreas de proteção ambiental, incluindo locais como o Parque Natural Municipal de Niterói (Parnit). Para esse tipo de trabalho eles contam com equipamentos especiais disponibilizados pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos e Sustentabilidade. Entre eles estão: bomba costal anti-incêndio de 20 litros; pás profissionais de bico de fibra de vidro; lanterna de cabeça recarregável; luvas que resistem a alta temperatura; abafadores para ações emergenciais até a chegada do Corpo de Bombeiros; e gaiolas para acondicionamento e transporte de animais silvestres.
As equipes realizaram ainda 52 diligências ambientais com o objetivo de verificar se havia algum tipo de devastação em áreas de Mata Atlântica ou invasões em áreas de preservação ambiental. Nesses casos, quando constatam algum tipo de irregularidade, os agentes emitem notificação para cessar a infração e processos são instaurados para averiguações de diversos órgãos públicos.
Um dos casos aconteceu em uma área de preservação na Estrada Engenheiro Pacheco de Carvalho, na região de Pendotiba. Ninguém foi encontrado no local, porém a equipe apreendeu material para confecção de cerca, como mourões, rolos de arame farpado e grampos, e levou para o depósito na Cidade da Ordem Pública, no Barreto.
“Ações deste tipo são muito importantes porque evitam as invasões de áreas de proteção. A população pode continuar ligando para o 153 e fazer a denúncia para acionar nossas equipes”, finaliza Renato Macedo.