A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, foi eleita nesta quinta-feira (2) uma das 12 mulheres do ano pela revista “Time”. Anielle é irmã de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro que foi morta a tiros junto com o motorista Anderson Gomes, em 2018 em uma emboscada. Ministra é a única brasileira na lista.
De acordo com a publicação, a lista dessas 12 mulheres — de diversas partes do mundo e áreas de trabalho — mostra o impacto significado que cada uma delas teve dentro de suas comunidades, seja pela presença na política ou sua luta no ativismo social.
“Criar um futuro melhor para as mulheres significa construir pontes — entre gerações, comunidades e fronteiras. Essas líderes extraordinárias estão trabalhando para um mundo mais igualitário”, diz a revista na introdução da matéria.
No perfil feito pela “Time”, é destacado que Anielle “nunca planejou ser política”, mas acabou tendo que assumir a posição na busca por justiça pela irmã e pelas causas que ela defendia, como a igualdade racial.
A revista cita que a ativista tem 38 anos, a mesma idade que Marielle Franco tinha quando foi assassinada, e hoje é a ministra da Igualdade Racial do governo Lula, responsável por cobrar que o país dê chance a segmentos da população historicamente marginalizados.
“Eu perdi o medo quando eles mataram a minha irmã. Agora eu luto por algo muito maior do que eu mesma”, disse Anielle a publicação.
A revista também relembra que a ministra cresceu no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, e se apaixonou pelo vôlei aos 8 anos de idade. Aos 16 anos, o esporte deu a ela a oportunidade de jogar nos Estados Unidos. Anielle permaneceu no país por 12 anos, onde estudou inglês e jornalismo em duas universidades historicamente negras. A experiência a ajudou a construir a própria identidade.
Poucos meses após a morte da irmã, Anielle ajudou a fundar o Instituto Marielle Franco, uma ONG que produziu relatórios sobre a desigualdade na sociedade brasileira, principalmente em relação a mulheres negras.
O perfil da “Time” destaca ainda que um número recorde de mulheres negras concorreu a cargos eletivos nas últimas eleições no país. E que 29 delas foram eleitas para a Câmara dos Deputados, contra apenas 13 em 2018. Mas que, mesmo assim, o número representa menos de 6% das cadeiras em um país em que as mulheres negras representam 28% da população.
“Questionada sobre expectativas para o futuro, a ministra disse que tem fé que o movimento negro seja protagonista por conquistas e não só por suas mortes. “Espero que os negros assumam o lugar de protagonistas em nossa sociedade, e não apenas na primeira página dos jornais como vítimas de um genocídio”, disse.
Integrante do governo Lula desde o Gabinete de Transição, Anielle tomou posse como ministra no dia 11 de janeiro. A cerimônia de posse dela e da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, havia sido inviabilizada por conta dos atos terroristas do dia 8 de janeiro, onde bolsonaristas destruíram e vandalizaram as sedes dos Três Poderes.
Outras 11 mulheres personalidades do ano
– Masih Alineja;: jornalista iraniana exilada nos Estados Unidos após revelar casos de corrupção em seu país;
– Olena Shevchenko: defensora dos direitos LGBTQIA+ na Ucrânia;
– Ayisha Siddiqa: paquistanesa que luta contra as mudanças climáticas;
– Véronica Cruz Sánchez: que atua para garantir segurança a mulheres que precisam optar pelo aborto no México;
– Phoebe Bridgers: cantora e compositora também engajada na luta pelo direito ao aborto;
– Cate Blanchett: atriz indicada ao Oscar;
– Angela Basset: cantora, compositora, atriz e diretora norte-americana;
– Ramla Ali: boxeadora e modelo profissional somali;
– Megan Rapinoe: jogadora de futebol norte-americana;
– Makiko Ono: nova CEO da Suntory Beverages;
– Quinta Brunson: escritora, produtora, atriz e comediante norte-americana.
Fonte:O Dia