A pequena Larah Adriana Oliveira, de 1 ano e sete meses, que teve o dedo amputado por um erro médico no Pronto-Socorro de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, passará por uma nova cirurgia nesta sexta-feira (28), devido ao osso da região ter ficado exposto. Desta vez, o procedimento será feito no Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), no Colubandê, na mesma cidade. Larah foi internada já na manhã desta quinta-feira (27).
De acordo com a avó da menina, Adriana Lemos, os pontos caíram há duas semanas e não houve cicatrização. “Na hora lá do fato eles disseram pra gente que tinha operado, que levaram ela pro centro cirúrgico, mas agora disseram que só suturaram, mas há duas semanas os pontos caíram, e o ossinho está vindo pra fora, não fechou o local, eles só costuraram de qualquer maneira”, explicou.
Adriana contou ainda que a Larah vem sentindo dor na região. “Por mais um erro médico ela vai ter que ir pro Heat fazer uma nova cirurgia, arrancar mais um pedaço do dedo, com osso e tudo, mais pra baixo pra poder fechar. Mas agora o cirurgião disse até que vai bolear o dedinho dela. Eles (os médicos anteriores) costuraram igual papel amassado”, desabafou.
A mãe da bebê, Bruna de Oliveira da Silva, que esteve no Heat para realizar a internação da filha, desabafou sobre o nervoso que está sentindo com a nova cirurgia e sobre a expectativa de melhora.
“Eu to num nervoso só, vamos consertar um erro né? A besteira que eles fizeram lá no Pronto Socorro, vamos refazer o dedinho da minha filha. Ela sentiu muita dor, eu não dormi a madrugada inteira, mas vai ficar tudo bem, vamos orar e pedir a Deus. Lá (no Pronto Socorro) eles largaram o dedo de qualquer jeito, fizeram mal feito, só deram ponto, deixaram o osso pra fora, e o cirurgião de lá teve coragem de falar na minha cara que não tinha mais nada a fazer, que era com ortopedista, só que é mais uma parte do dedo que vai tirar, e dói muito, porque ela é um neném ainda. Só Deus na causa, e eu quero Justiça por isso”, contou.
O pai, Thiago Lemos, contou que a cirurgia ainda vai acontecer no dia do seu aniversário, uma data em que eles poderiam estar comemorando em família, mas terão que passar no hospital.
“A gente não teve ajuda de ninguém, nem da prefeitura, ninguém faz nada, esse é mais um caso que se não for pra mídia vai ficar por isso mesmo. Logo hoje ela vai se internar e amanhã que é sexta-feira, meu aniversário, vou ter que ficar aqui no hospital passando por mais um absurdo desse, poderia estar comemorando, mas estamos nisso aí”, lamentou.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, a direção do Hospital Estadual Alberto Torres informou que Larah sofreu uma amputação parcial do dedo mínimo da mão, com perda tanto da polpa digital quanto de um pedaço da falange distal, o osso da ponta do dedo.
“O procedimento cirúrgico é necessário porque uma pequena parte do osso da ponta do dedo está exposta, o que prejudica a cicatrização. A SES e a direção do HEAT seguirão dando assistência à paciente e seus familiares”, disse em nota.
Procurada, a Secretaria de Saúde de São Gonçalo informou que a paciente segue sendo assistida ambulatorialmente, por equipe multidisciplinar, e que está recebendo toda a assistência.
Relembre o caso
Lara Adriana Oliveira de Souza deu entrada no Pronto-Socorro de São Gonçalo, no dia 14 de março, para tratar uma picada de mosquito inflamada no rosto. Durante o atendimento, foi necessária a internação e colocação de um acesso intravenoso para tratamento com antibióticos.
Ao perceber o sangue, a equipe médica foi acionada e a mãe retirada do local, sem saber a gravidade do que tinha acontecido. A menina então teria sido levada ao centro cirúrgico, onde teve parte do dedo mindinho amputado.
Segundo a familiar, a equipe “parecia querer esconder” o incidente. “Não me deixavam tirar foto. Diziam que não podia tirar foto, que tinha uma lei. Esconderam até a última hora. A mãe pensava que era um cortezinho, quando abriu a gente viu que era quase metade do dedo. Parecia que queriam esconder. Levaram até para um quarto separado. Até disse que não entendia o porquê. Foi aí que disseram que estavam fazendo aquilo porque tinha acontecido um erro médico”, reforçou.