A Prefeitura de Niterói realizou uma pesquisa que resultou em um documento que foi levado para a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), em Dubai. A pesquisa foi realizada entre julho e setembro deste ano pelo aplicativo Colab.re e contou com a participação de mais de 500 jovens de diversas regiões da cidade. O objetivo era saber como a juventude se posiciona com relação à preservação do meio ambiente e aos efeitos das mudanças climáticas.
A Secretaria Municipal do Clima foi criada há dois anos pensando nos eventos climáticos extremos. Niterói é a única cidade a ter uma pasta específica no país que cuida da política de prevenção, adaptação e mitigação de danos relacionados às mudanças climáticas na cidade e que trabalha de forma intersetorial envolvendo os diversos setores da sociedade na discussão e na proposição de soluções. O secretário do Clima, Luciano Paez, explicou que os jovens serão as pessoas que sentirão por mais tempo os efeitos climáticos.
“Entender as demandas da juventude da cidade é fundamental na construção da política pública. Criamos o Fórum das Juventudes, no início dos trabalhos da secretaria, para dar voz a esta faixa etária que irá sentir por mais tempo as consequências dos eventos extremos. Tanto a pesquisa, quanto a carta que realizamos em parceria com a Coordenadoria da Juventude de Niterói, são desdobramentos deste foco que estamos dando neste processo de uma sociedade cada vez mais resiliente frente à emergência climática”, disse Luciano.
“E aí, jovem? Vamos conversar sobre mudanças climáticas e suas possíveis consequências? foi o tema da pesquisa que contou com a participação de mais de 500 jovens de Niterói e apontou que 92,96% dos jovens afirmam já ter vivido algum fenômeno climático extremo como inundações (36,72%), ondas de calor (24,07%) e deslizamento de terra (22,36%). A coordenadora de Políticas Públicas para a Juventude, Luísa Assumpção, falou da importância da pesquisa na orientação de políticas públicas.
“Fizemos uma pesquisa onde os jovens afirmaram compreender a emergência climática, utilizando as redes sociais como principal fonte de informação sobre o tema. Além disso, 82,6% demonstraram que as questões climáticas são uma das preocupações marcantes no cotidiano. As respostas também destacam a necessidade de mais oportunidades de formação e vagas para “empregos verdes”, evidenciando o reconhecimento do protagonismo e a importância da participação na formulação de políticas públicas por parte das juventudes. Esta pesquisa foi crucial para compreender as demandas e anseios dos jovens da cidade, fornecendo insights valiosos para orientar futuras iniciativas e políticas voltadas para esse público”, avaliou a coordenadora.
Os dados apontam ainda que 46,37% dos jovens pensam suas ações do dia a dia considerando questões ligadas ao meio ambiente. Quase 20% dos jovens pensam em economizar energia (19,82%) e reduzir resíduos e economia de água (19,45%). Outros 18,47% entendem que economizar água, optar por um transporte sustentável (17,79%) e plantar árvores (12,76%) vai ajudar o planeta.
O perfil dos jovens que respondeu a pesquisa está na faixa dos 20 – 29 anos, sexo feminino (50,73%) que usa o celular como principal meio de acesso à internet (78,05%). A maioria diz ser morador de bairros como Icaraí, Santa Rosa, Itaipu, Fonseca, Centro, Ingá, Piratininga e Barreto.
A pesquisa foi realizada pela plataforma Colab que já conta com mais de 170 mil usuários cadastrados em Niterói. A plataforma é uma importante ferramenta para a definição de políticas públicas do município.
“O constante chamado aos cidadãos para opinar, colaborar e fazer parte da tomada de decisões em Niterói é um caminho que estamos pavimentando há alguns anos com grande sucesso. Os jovens são a parcela da população reconhecidamente mais preocupada e engajada com o tema das mudanças climáticas e foi impressionante o nível de conhecimento demonstrado por essa turma que participou de forma muito qualificada da consulta pública”, disse o coordenador de comunicação digital e relacionamento com o cidadão de Niterói, Fernando Stern.
As respostas da consulta foram transformadas em uma Carta das Juventudes de Niterói sobre as emergências climáticas, um manifesto sobre os impactos da mudança climática e a importância de ações na luta pela justiça climática, apontando desafios e soluções propostos pelas juventudes de Niterói. A carta foi construída durante a 6ª Conferência Municipal de Juventude, que aconteceu no final de setembro.
Trecho da carta:
“Sabemos que as atividades humanas têm contribuído significativamente para o aquecimento global e para a intensificação de fenômenos climáticos extremos, como secas, tempestades e inundações. Além disso, a degradação ambiental e a perda de biodiversidade têm impactos profundos na saúde, na economia e na segurança alimentar de milhões de pessoas em todo o mundo. Esses efeitos, por sua vez, têm impactos desiguais sobre as pessoas, de modo que aquelas mais pobres são as que tendem a ser mais prejudicadas. Quando observamos a realidade das pessoas negras, mulheres e integrantes da comunidade LGBTQIAP+ esse impacto é ainda maior.
Nós, como gestão pública, temos o compromisso de implementar políticas públicas que incentivem a transição para fontes de energia renovável, a preservação de ecossistemas naturais e a redução do consumo de recursos naturais. Para isso, estamos trabalhando em parceria com outras esferas de governo, organizações da sociedade civil e empresas para encontrar soluções viáveis e eficazes.
Sabemos que a luta contra as mudanças climáticas é uma questão global que exige uma coordenação internacional. Por isso, estamos engajados em fóruns internacionais e em acordos globais para enfrentar essa questão. Apoiamos o Acordo de Paris assinado em 2015, que estabelece metas ambiciosas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e promover o desenvolvimento sustentável. Apoiamos também o Acordo de Escazú, esse importante tratado regional assinado em 2018 que visa fortalecer o acesso à informação, à participação pública e à justiça em assuntos ambientais na América Latina e no Caribe.
Todos os projetos e iniciativas da CPPJ, bem como da prefeitura de Niterói como um todo, estão alinhados e são embasados visando o cumprimento das metas de desenvolvimento sustentável (ODS).
(…) Essas perguntas são importantes porque ajudam a entender como as pessoas estão lidando com a crise climática e como elas percebem os impactos da mudança do clima em suas vidas e na vida das próximas gerações. Além disso, elas podem ser usadas para orientar políticas públicas e iniciativas que visem mitigar os efeitos da crise climática e proteger a saúde mental das pessoas, sobretudo as jovens e mais vulneráveis”.
Fonte/Foto Prefeitura de Niterói