Por mais um mês, cebola, alface e batata ficaram mais caras nos principais mercados atacadistas analisados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). É o que mostra o 12º Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), divulgado nesta quarta-feira (20) pela estatal. O estudo faz uma análise dos preços praticados de frutas e hortaliças em novembro, em 11 Centrais de Abastecimento (Ceasas) pelo país.
A mudança da região fornecedora de cebola, do Centro-Oeste e Sudeste para o Sul do país, continua a exercer pressão de alta nos preços de comercialização do bulbo, que registrou uma alta na média ponderada de 38,01%. Aliado a esse deslocamento, em novembro, as chuvas registradas no Rio Grande do Sul impactaram na colheita do produto, tendo momentos de total interrupção dela, o que diminuiu a oferta aos mercados. Além de influenciar a colheita, as precipitações afetaram a qualidade da cebola. “No Nordeste, o calor também afeta a qualidade do bulbo que não atinge o tamanho desejado, bem como os baixos índices pluviométricos preocupa, pois já afeta a disponibilidade de água para irrigação”, analisa a gerente de Produtos Hortigranjeiros da Companhia, Juliana Torres.
No caso da alface, a elevação das cotações ficou na média ponderada de 26,85%, apesar da ligeira alta de 1,1% na quantidade ofertada da folhosa nos mercados atacadistas, mesmo com chuvas e altas temperaturas. Esse incremento pode ser atribuído ao aumento de demanda, situação que é verificada quando existe aumento de temperatura. Já para a batata, o término da safra de inverno não compensada ainda pelos envios da safra das águas, proporcionou menores quantidades ofertadas em novembro. O declínio da oferta foi de 1,3% em relação a outubro, o que impulsionou os preços para cima, chegando a uma alta na média ponderada de 18,84%.
Em contrapartida, o tomate teve queda nos preços de 10,28% na média. A redução pode ser explicada pela oferta elevada. Nas 11 Ceasas analisadas pela Companhia, a quantidade disponível do produto bateu novo recorde e caracterizou-se por ser o maior nível do ano. “A maturação acelerada do fruto, com o calor, acabou obrigando o produtor a direcionar sua produção ao mercado, mesmo com preços em queda, intensificando ainda mais essa diminuição”, explica Torres. A cenoura foi outro produto que registrou baixa na média ponderada das cotações, mas em percentual mais ameno, em torno de 2,6%, mesmo com a comercialização da raiz se mantendo nos maiores níveis registrados no ano. A boa oferta pulverizada pelo país não exerce pressão na região produtora de Minas Gerais e influencia na diminuição dos custos pela proximidade entre o fornecedor e consumidor, refletindo em menores preços.
Frutas – Entre as frutas, o mamão teve a maior queda registrada na cotação. Assim como a cenoura, o aumento da demanda na maioria das Ceasas analisadas não trouxe reflexos de alta nos preços por conta da boa oferta tanto da variedade papaya quanto da formosa. O forte calor contribuiu para acelerar o amadurecimento da fruta e, assim, elevar a quantidade de produto disponível nos atacados.
Para a maçã, os estoques estão baixos, porém houve queda na demanda devido à concorrência com as frutas de fim de ano, refletindo em uma diminuição dos preços de 3,43% na média. Enquanto isso, a melancia registrou estabilidade nas cotações. A maior procura pela fruta devido ao calor foi compensada pela maior oferta do produto devido, principalmente, à ascensão da produção no sul baiano.
Já a banana ficou mais cara em 13,84% na média ponderada. A demanda se manteve regular, porém a quantidade de produto nas Ceasas analisadas foi reduzida, influenciada pela menor produção nas principais regiões produtoras. No norte de Minas Gerais, é período de entressafra e, no Vale do Ribeira, em São Paulo, foi registrado dificuldades na logística de distribuição decorrentes de inundações no início de novembro. Alta também para a laranja, chegando a 6,97% na média, explicada pelo aumento da demanda interna, seja pelas altas temperaturas verificadas ou pela procura da indústria produtora de suco. Este cenário contribuiu para que os preços pagos aos produtores atingissem níveis recordes.
Exportações – De janeiro a novembro deste ano, já foram exportadas 998,77 mil toneladas de frutas, volume superior em 10,99% em relação a igual intervalo de tempo de 2022. Esse resultado ocorreu por causa, principalmente, do tempo mais propício, que contribuiu para o crescimento da produtividade; maiores investimentos em algumas culturas; melhores condições logísticas; entre outros fatores. Os principais estados exportadores foram o Rio Grande do Norte (24%), Pernambuco (19%), Bahia (18%), São Paulo (14%) e Ceará (11%), e as principais frutas embarcadas foram mangas, limões e limas, melões, uvas e melancias. O maior envio de produtos ao exterior nos onze meses do ano gerou um aumento de 27,73% no faturamento, chegando a US$ 1,19 bilhão, quando comparado com o valor registrado no período de 2022.
Destaque – Nesta edição, o destaque do Boletim fica para o Encontro Nacional da Associação Brasileira das Centrais de Abastecimentos (Abracen) e da Confederação Brasileira das Associações, Sindicatos, Lojistas de Ceasa e Afins (BR-Brastece), realizado no final de novembro na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), com a participação do diretor-presidente da Conab, Edegar Pretto. Na oportunidade, o secretário de Abastecimento, Cooperativismo e Soberania Alimentar do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Milton Farnazieri, falou sobre o Plano Nacional de Abastecimento Alimentar, previsto em decreto assinado em dezembro, e da importância das Ceasas para os desafios de chegar à sociedade brasileira a alimentação saudável.
O tema foi reforçado com a apresentação do Professor Renato Maluf que discorreu sobre a necessidade do estabelecimento de Política de Abastecimento orientada por uma Política de Soberania Alimentar, com a inclusão do que chamou de “comida de verdade”. Além disso, ressaltou a importância da Agricultura Familiar, considerando os alimentos agroecológicos como paradigma de desenvolvimento sustentável.
Os dados estatísticos do Boletim Prohort da Conab são levantados nas Centrais de Abastecimento localizadas em São Paulo/SP, Belo Horizonte/MG, Rio de Janeiro/RJ, Vitória/ES, Curitiba/PR, São José/SC, Goiânia/GO, Recife/PE, Fortaleza/CE e Rio Branco/AC e Brasília/DF. As análises completas podem ser acessadas no 12º Boletim Hortigranjeiro, disponível no Portal da Conab .
Fonte e foto: Agência Brasil