A Prefeitura de Maricá, por meio da Secretaria de Saúde e da Fundação Estatal de Saúde (Femar), avançou na oferta de métodos contraceptivos à população e iniciou na quinta-feira (01/08) a inserção gratuita do Sistema Intrauterino de Levonorgestrel (SIU), conhecido como DIU hormonal, e passou a oferecer também o implante subdérmico de etonogestrel — substância que evita a ovulação e a chegada de espermatozoides ao óvulo. Com isso, o município se torna um dos únicos no país a disponibilizar, sem custos às pessoas interessadas, ambos os procedimentos para evitar a gravidez, contando ainda com a inserção do chamado DIU de cobre, como recomenda o Ministério da Saúde.
Os métodos contraceptivos mencionados acima são oferecidos às mulheres e também aos homens transsexuais, desde que atendam aos critérios estabelecidos. As pessoas que desejam a inserção devem procurar a sua Unidade de Saúde da Família (USF) de referência, que atende a região de moradia, onde serão integradas ao planejamento reprodutivo e aconselhadas pela equipe multiprofissional. Após isso, caso se enquadrem em uma ou mais indicações clínicas, serão encaminhadas para introdução do dispositivo.
Os médicos ginecologistas das equipes multiprofissionais que atuam nas USF, além de outros profissionais, passaram por um treinamento no Serviço de Atendimento Especializado (SAE), em Araçatiba, voltado à inserção dos novos métodos contraceptivos oferecidos na cidade e ao acolhimento às pessoas interessadas.
A secretária de Saúde, Juliana Nogueira, garantiu que esse é mais um passo na qualificação do cuidado à população, oferecendo novas possibilidades de contracepção e tratamento de doenças.
“Esse é um marco na saúde de Maricá, onde disponibilizamos na rede o DIU hormonal e o dispositivo subdérmico. São dois mecanismos de proteção e valorização do bem-estar, com métodos contraceptivos e que também ajudam a tratar doenças, como é o caso da endometriose. Unidos ao DIU de cobre, temos três iniciativas que contemplam a proteção, melhorias de saúde e de acesso às demandas”, ressaltou.
Claudia Rogéria de Lima, diretora de Atenção à Saúde da Femar, pontuou os diferenciais da oferta gratuita, favorecendo o acesso de pessoas em vulnerabilidade aos métodos.
“Adquirimos pela Femar o SIU (DIU hormonal) e o implante subdérmico, buscando disponibilizá-los gratuitamente aos públicos-alvo. Assim, atendemos à nova legislação do planejamento familiar e temos esse ganho imenso para a saúde. Esses métodos contraceptivos e sua inserção custam, em média, de R$ 2 mil a R$ 2.500, e, em Maricá, temos essa oferta gratuita, o que é inovador”, acrescentou.
Métodos contraceptivos promovem o bem-estar
Bruna Fontes, de 30 anos, foi uma das primeiras moradoras a receber o DIU hormonal e reforçou o impacto para o seu cotidiano, inclusive na melhoria de sintomas da endometriose.
“Estou muito feliz de ter a possibilidade de colocar o DIU hormonal gratuitamente, porque os custos, geralmente, são bem altos. Isso vai fazer a diferença na minha vida, porque tenho endometriose e o dispositivo, além de contraceptivo, também é um tratamento para essa condição. Estou muito grata e, assim, terei mais qualidade de vida!”, afirmou.
A comunicadora Raquel Miranda, de 30 anos, mora no loteamento Manu Manuela e passou pela inserção do implante subdérmico. Ela destacou a sua eficácia e diferenciais.
“Já pensava em colocar o dispositivo subdérmico, mas, pelo custo financeiro, não era viável no momento. Agora, saber que posso fazer sem nenhum custo, pela saúde pública, é muito bom. Isso vai mudar a minha vida, porque usava o comprimido oral e tenho receio de esquecer ou outros problemas. Esse método vai ajudar nas minhas decisões e contracepção”, frisou.
Cal Ferraz, de 19 anos, é uma pessoa não binária (que não se sente pertencente ao gênero masculino ou feminino) e também recebeu o implante, pontuando o impacto do serviço na garantia de seus direitos.
“Esse foi um dia muito importante, porque contei com a liberdade de ter o atendimento e a possibilidade de colocar o método contraceptivo. Assim, não preciso me preocupar com várias questões e sou reconhecido como sou, o que é muito bom. O serviço é um diferencial e será para diversas outras pessoas”, concluiu.
Sobre o sistema intrauterino hormonal e o implante subdérmico
O Sistema Intrauterino Liberador de Levonorgestrel (SIU-LNG), conhecido como DIU hormonal, é um contraceptivo de longa ação, com elevada eficácia, feito de plástico em formato de T, que contém um reservatório desenvolvido para promover a liberação contínua de levonorgestrel. Ele suprime o crescimento da membrana que recobre a parede da cavidade uterina (endométrio), com duração de 5 anos após a sua inserção e com a possibilidade de ser retirado a qualquer momento, se a pessoa desejar ou apresentar algum problema. O método não interfere nas relações sexuais, reduz as cólicas menstruais e os sintomas da endometriose (dor pélvica, menstruação irregular, dentre outros).
O implante subdérmico é um pequeno tubo de plástico que contém o hormônio etonogestrel, e é colocado debaixo da pele do braço não dominante (menos utilizado). Sua ação segue por 3 anos e funciona com a liberação do hormônio para a corrente sanguínea, sendo caracterizado como um método prático e de longa duração. Ele evita a necessidade de receber a pílula contraceptiva diariamente, não interfere nas relações sexuais, reduz as cólicas menstruais e tem a possibilidade de ser usado por pessoas que não podem tomar pílulas contendo estrogênio.
Indicações de uso
O DIU hormonal é indicado, principalmente, para mulheres obesas; àquelas que passaram por cirurgia bariátrica; com sangramento uterino anormal em tratamento clínico há, pelo menos, seis meses; ou ainda que não possam realizar terapia hormonal. Além disso, também é recomendado para homens transsexuais obesos; que fizeram cirurgia bariátrica; que possuem sangramento uterino anormal; ou com contraindicação de terapia hormonal.
Em relação ao implante subdérmico, ele é recomendado para mulheres em algum risco social, assim como para homens transsexuais na mesma situação. Em outra frente, também podem receber esse método contraceptivo adolescentes com idade entre 15 e 17 anos com elevada vulnerabilidade social; mulheres e homens transsexuais com transtornos mentais graves e severos; além de mulheres e homens transsexuais que vivem com o vírus da imunodeficiência humana (HIV).