O bairro do Jacaré, na Região Oceânica de Niterói, tem recebido, nos últimos anos, diversas ações da Prefeitura de Niterói com foco na sustentabilidade. Durante esta semana, a Prefeitura deu continuidade às iniciativas e recolheu cerca de 1 tonelada de entulhos, como computadores, caixas d’água, sofás, colchões, televisões e caixotes durante a décima-quarta edição do projeto “Bota Fora”. A ação foi realizada pela Companhia de Limpeza de Niterói (Clin). A empresa também deu início, esta semana, ao projeto “Espaço de Reciclagem do Jacaré”, que está a todo vapor no bairro.
Para a reciclagem, foi criado um espaço que já está sendo utilizado pelos catadores, oferecendo um local adequado para armazenamento dos materiais e orientações necessárias para a melhoria do trabalho diário. O projeto tem como objetivo ampliar as ações que promovem práticas ambientais corretas no bairro do Jacaré, coordenado pela Clin e pelo Programa Pro-Sustentável, que orienta e treina os catadores. Estes visitaram o Galpão de Reciclagem da empresa no Centro, onde aprenderam mais sobre o trabalho.
Entre as melhorias, a Clin vem realizando um trabalho ativo dentro do Jacaré para contribuir com a transformação do bairro. Todos os galões de lixo existentes foram substituídos por contêineres de 1.000 litros com tampa, e novas papeleiras para descarte de pequenos detritos foram instaladas. Pontos de descarte irregular de lixo foram transformados através do plantio de mudas. Além disso, uma vez por mês, acontece no local a campanha ‘Bota Fora’, durante a qual são recolhidos, pela Companhia e sem custo, entulhos como computadores, caixas d’água, sofás, colchões, televisões e caixotes.
Desde 2022, o Programa Região Oceânica Sustentável (Pro-Sustentável) vem desenvolvendo, na comunidade, importantes iniciativas em parceria com a Clin, o Subcomitê das Lagoas de Itaipu e Piratininga (CLIP), a Associação de Moradores e Amigos da Estrada Frei Orlando (AMAFREI), o Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET), a Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade (SMARHS), entre outras.
O bairro, que possui cerca de cinco mil habitantes, atualmente conta com o projeto ‘Porta a Porta’, que aproxima a equipe socioambiental da população local, promovendo conversas sobre a educação ambiental e sobre o programa de renaturalização da Bacia do Rio Jacaré. O ‘Plantão Social’, físico e itinerante, tem como objetivo atender às demandas dos moradores na esfera ambiental e social, orientando-os sobre seus direitos e benefícios. Além disso, há o ‘Jornal do Jacaré’, com matérias sobre o andamento das obras, as ações sustentáveis, a fauna e a flora do bairro, além de artigos voltados para a saúde dos leitores e para as lembranças do Rio Jacaré de antigamente.
Espaço de Reciclagem – A Clin passou a recolher esta semana o material reciclável e a deixá-lo no próprio bairro, neste espaço adaptado. Os catadores, então, tornam-se responsáveis por esses resíduos, fechando o ciclo ao levar os materiais para reciclagem.
As equipes do Pro-Sustentável também participaram, junto com a Clin e a Associação de Moradores, da organização para a implantação do Sistema de Resíduos Sólidos Urbanos e da manutenção dos espaços de convivência de todos. Esta atividade é contínua e ocorre desde o início do projeto, com palestras, oficinas de artesanato e reciclagem, pesquisa de campo e muitas conversas. É importante destacar o trabalho dos catadores de materiais recicláveis, que atuam para manter o bairro sustentável.
Atualmente, existe o Comitê Gestor da Bacia do Rio Jacaré, que reúne os moradores mais presentes no Escritório Socioambiental, juntamente com atores sociais que atuam na manutenção do bairro como um local ambientalmente sustentável.
O objetivo da atuação do Pro-Sustentável e da Clin é alcançar uma mudança de hábitos e consciência para o bem-estar coletivo e a sustentabilidade ambiental. Isso só está sendo possível graças a uma empreitada séria e continuada, uma verdadeira transformação física e social. O próximo passo será a instalação de um Centro de Triagem de Resíduos, a partir da organização dos catadores com a assessoria da Clin. Outro ponto relevante a ser discutido nesses espaços é a construção de moradias em áreas perigosas. Os residentes foram alertados sobre a importância da preservação da mata e da área ao redor do Rio Jacaré, denominada Faixa Marginal de Proteção (FMP). A ocupação nessa área é proibida por lei.
O Jacaré tem como limites os bairros de Santo Antônio, Piratininga, Cafubá, Cantagalo, Vila Progresso, Muriqui, Rio do Ouro, Serra Grande e Maravista.
Bairro Modelo – Nos últimos anos, a Prefeitura de Niterói vem realizando inúmeras obras e implementando diversas ações com o objetivo de tornar o Jacaré um bairro cada vez mais sustentável. Entre as obras, destaca-se a renaturalização da bacia do Rio Jacaré. O processo, que focou na revegetação e recuperação do rio, suas nascentes e sua faixa marginal de proteção, uma Área de Preservação Permanente (APP), também se destacou pela construção de bacias de biorretenção e pelas obras de saneamento realizadas nas comunidades do entorno.
A obra foi coordenada pelo Programa Região Oceânica Sustentável, em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF), e contou com financiamento do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). Na primeira fase do projeto, foram realizadas melhorias no sistema de esgoto das comunidades do entorno, o que ajudou a controlar a carga poluente no sistema. Cerca de 200 casas passaram a ter seu esgoto tratado através do programa “Ligado na Rede”, uma iniciativa da Secretaria Municipal de Meio Ambiente em parceria com a concessionária Águas de Niterói.
Além disso, foram realizados investimentos em melhorias de infraestrutura nas comunidades do Vale Verde, Cabrito, Coqueiro e Boa Esperança. Também foi implantado um módulo do Médico de Família (prédio com arquitetura sustentável) e o Centro de Referência de Sustentabilidade Urbana (CERSU), implantado em parceria com a UFF.
Com a renaturalização do Rio Jacaré, foram criadas quatro bacias de biorretenção e três de detenção em pontos estratégicos ao longo do leito, para ajudar a extravasar o volume de água em caso de chuvas fortes. As bacias funcionam como esponjas, ajudando a absorver as águas quando o rio sobe de volume. A ideia foi baseada em projetos já existentes e bem-sucedidos na Europa.
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