Enquanto liderava a DEAM, Juliana enfrentou uma realidade dolorosa dentro de sua própria casa. Seu então marido, o tenente-coronel da Polícia Militar Carlos Eduardo da Costa, que atualmente ocupa o cargo de coordenador de segurança do Tribunal Regional Federal do Rio, tornou-se seu agressor. Juliana recorda: “Era um ciclo de dor constante. Eu fui vítima de abusos físicos e emocionais, sendo agredida com um cinto e forçada a contar cada golpe. Houve um momento particularmente devastador quando ele me bateu na frente de nosso filho e me deu um tapa no rosto. Todo o sofrimento era ainda mais cruel porque, como delegada da DEAM, eu conhecia bem as questões relacionadas à violência, mas não conseguia encontrar uma saída para minha própria situação.”
O controle obsessivo de Eduardo começou logo após o casamento e intensificou-se com ciúmes exacerbados. “Ele me obrigava a manter meu rastreamento de localização ativo durante os plantões, sempre desconfiando que eu estivesse em outro lugar. Mesmo quando eu estava no trabalho, eu precisava informar cada movimento meu”, explica Juliana.
O episódio que marcou um divisor de águas para Juliana ocorreu quando Eduardo planejou uma saída para o teatro. Juliana não estava disposta, mas Eduardo tomou uma decisão violenta. “Ele me forçou a ir para o quarto e me estuprou. Eu pedi para ele parar, mas ele não ouviu. Quando terminou, perguntou se eu estava pronta para sair, como se nada tivesse acontecido”, diz Juliana, ainda abalada.
Determinada a buscar justiça, Juliana registrou uma denúncia três dias depois, indo à delegacia como vítima. Ela foi submetida a exames de corpo de delito, que confirmaram hematomas e escoriações. O depoimento de cinco testemunhas, incluindo empregadas do casal, corroborou a frequência das agressões. Eduardo, quando ouvido, alegou que o uso de cintos e outros objetos durante o sexo era consensual.
Juliana enfrentou a difícil decisão de expor sua dor publicamente, especialmente considerando sua carreira. “Eu senti uma vergonha imensa, mas quando percebi que a violência estava afetando meus filhos, eu sabia que precisava falar. Compartilhar minha história foi uma forma de enfrentar o sofrimento e buscar apoio”, reflete.
Em agosto do ano passado, o Ministério Público do Rio denunciou Eduardo por dois estupros, lesão corporal e violência psicológica. O caso está agora na justiça, com a primeira audiência marcada para este mês.
Fonte: Dean
Foto: Banco de Imagem