A musicalidade tomou conta da Festa Literária Internacional de Maricá (Flim), promovida pela Prefeitura de Maricá, por meio da Secretaria de Educação. O segundo dia da maior festa literária da história da cidade teve como ponto alto ‘Conversas & Canções’, um talk show com o cantor e compositor Paulinho Moska e o produtor musical Maurício Pacheco. A cantora Sandra Sá encerrou o evento com um show memorável.
A extensa programação começou de manhã na Flimzinha, com atrações voltadas para o público infanto-juvenil. Na parte da tarde, Paulinho Moska e Maurício Pacheco lotaram a arena do Papo Flim e recepcionaram o público com muita música e boa conversa sobre as sensações e experiências no momento de suas composições.
“Poucas pessoas relacionam música e literatura e acham que são coisas desassociadas. No entanto, temos justamente na música uma das ferramentas que mais popularizam a literatura. Paulinho Moska, que é um dos grandes nomes da nova geração da MPB, e Maurício Pacheco, que é um dos maiores produtores musicais do país, deram uma aula maravilhosa durante o talk show! A Flim é muito mais do que uma festa literária: é um congraçamento da cultura, da arte, do saber e da democracia”, comentou o secretário de Educação, Márcio Jardim.
Música como fator de influência da sociedade
Paulinho Moska contou experiências de mais de seus 30 anos de carreira artística e falou sobre a relação da música com a sociedade humana, que até hoje influencia gerações por meio de uma somatória de fatores intrinsecamente ligados aos sentimentos e as experiências vividas todos os dias por todos. O cantor, sempre acompanhado de dois violões que se alternavam, presenteou o público com interpretações de seus grandes sucessos.
“Eu tenho uma paixão enorme pelas palavras. Apesar de ser um letrista, não me sinto exatamente um poeta. Acho que sou um poeta do olhar. Tenho um olhar poético. Em algumas canções, falo de renovação. Esse é o grande segredo da vida. Incêndios acontecem e, das cinzas, a gente tem que se reinventar”, logo antes de cantar “Tudo novo de novo”.
Para Maurício Pacheco, a musicalidade humana é resultado de pesquisas que apontam que somos seres melódicos. “Desde o nosso ventre, o primeiro sentido a ser totalmente desenvolvido é o da audição. O bebê não enxerga, não tem tato, não tem olfato, mas consegue ouvir da barriga. Ele ouve a melodia das vozes do pai e da mãe. Então, quando o bebê nasce com a audição já completa desde a 20ª semana, desde já era um ser musical. Todos nós somos seres musicais”, acredita.
Sandra Sá emociona o público
Com sucessos como “Olhos Coloridos”, “Joga Fora” e “Solidão”, a cantora Sandra Sá lotou a área destinada ao palco e se declarou à cidade, revelando já ter visitado as belezas maricaenses anteriormente. “Eu sou apaixonada por Maricá, todo mundo sabe disso. Venho muito aqui. Quem sabe não passo mais tempo aqui?”, disse Sandra de Sá durante o show. Autor de “Uma noite e meia”, o baixista Renato Rocketh fez uma participação especial tocando o maior sucesso de sua carreira.
Passinho Carioca coloca criançada para dançar
A “Flimzinha”, área infantil da Festa Literária Internacional de Maricá (FLIM), recebeu um bate-papo descontraído com a autora Andrea Prestes, que apresentou para a criançada seu livro “Lila em Moçambique”. A escritora é neta de Luis Carlos Prestes e João Massena, que sofreram na ditadura militar.
No livro, a pequena Lila e sua família vão viver em Maputo, capital de Moçambique. Lá, a menina vai descobrindo os encantos do país africano cheio de riquezas culturais. À tarde, 25 meninos do Passinho Carioca fizeram a alegria de crianças, adolescentes e adultos ao dançar no palco músicas da atualidade e relembrar passos do funk do início da década de 2000.
“É o nosso segundo ano aqui na Flim. É uma energia incrível. Maricá é uma cidade que sempre abraça muito a gente. Trazer um pouco de funk e música para as crianças é muito legal”, disse o Walcyr Choque, integrante do Passinho Carioca.
Educação, memória e transformação
Andrea também participou da roda literária com o tema “Educação, Memória e Transformação”, acompanhada do professor e escritor Celso Vasconcellos. Os debates foram mediados pelo ator José de Abreu.
“A literatura infanto-juvenil ocupa um espaço no meio editorial como se fosse uma subcategoria. É muito comum ouvir questionamentos do tipo ‘tanta história e por que um livro infantil?’. O livro infanto-juvenil é a abertura da criança e do adolescente para esse mundo fantástico que é a literatura. É preciso que tratemos de todos os temas nos livros infantis”, afirmou Andrea.
O professor e escritor Celso Vasconcellos trouxe uma problemática trazendo, novamente, a leitura infanto-juvenil para discussão. “O grande problema do Brasil é a falta de memória. Quando falta memória, falta tudo, e o povo pode ficar mais suscetível a ser dominado. Criar memória e ter a possibilidade de sensibilizar as crianças para determinados temas é um trabalho fantástico, acredita.
Programação
Neste domingo (03/11), a programação começa com o Percurso Sensorial (experiências dos sentidos) na Flimzinha. Às 16h, o grupo Tiquequê faz um show para a criançada. No mesmo horário, no Papo Flim, Maurício Pacheco realiza mais uma edição do Conversas & Canções, dessa vez com o cantor e compositor Lenine.
A mesma arena recebe, às 18h, uma roda literária em homenagem ao cartunista Ziraldo. A mediadora será a presidente do Instituto Ziraldo, Adriana Lins. Participam da conversa os cartunistas Miguel Paiva e Aroeira, além da escritora maricaense Laura Costa. À noite, a partir das 20h, Lenine sobe ao palco para encerrar, com seu show, o terceiro dia de atividades da Festa Literária Internacional de Maricá. O evento segue até o dia 10 de novembro, das 9h às 20h.
Links para fotos:
– Manhã:
Fotos: Anselmo Mourão (https://flic.kr/s/aHBqjBQsdw)
Fotos: Evelen
– Tarde:
Fotos: Elsson Campos
– Noite:
Fotos: Julios