Pequenos futuros paleontólogos cavavam e remexiam, ansiosos, uma caixa de areia montada no meio da 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT). Aos poucos, foram surgindo os primeiros sinais de que o esforço estava valendo a pena. Um ossinho aqui, outro pedacinho ali, e de repente boa parte do nosso amigo “Gnathovorax” já estava à vista, para a alegria da criançada.
Não é um erro de digitação. Este nome cheio de personalidade é de um gênero de dinossauro… brasileiro! Descoberto no Rio Grande do Sul e um dos mais antigos do mundo, uma réplica dele está “enterrada” no espaço Geoparque , uma das principais novidades desta 21ª SNCT. O espaço foi inaugurado nesta terça-feira (5) pelo secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Inácio Arruda.
“Os geoparques, reconhecidos pela Unesco, valorizam a riqueza do nosso país e são espaços importantes para a história, fauna e flora. Assim, conhecemos melhor e cuidamos ainda mais do nosso planeta. E a Semana, como responsável pela popularização da ciência e da educação científica no país, não poderia deixar de fora essas importantes áreas, que abrigam sítios paleontológicos importantíssimos e que pertencem ao povo brasileiro”, destaca Inácio.
Geoparque de Uberaba é o caçula no Brasil
Um Geoparque é território que inclui um notável patrimônio geológico, histórico e cultural associado a uma estratégia de desenvolvimento sustentável. Eles contribuem para preservar essa geodiversidade, sua singular beleza natural, importância científica, educativa e turística.
O Brasil possui seis Geoparques reconhecidos pela Unesco: Araripe (CE), Caçapava (RS), Quarta Colônia (RS), Seridó (RN), Cânions do Sul (SC e RS) e, o mais recente deles, Uberaba (MG), que ganhou o título este ano e está presente na 21ª SNCT por meio de agentes e do seu coordenador científico, Thiago Marinho. É de lá o maior dinossauro brasileiro, o “ Uberabatitan ribeiroi” , que podia chegar a 26 metros de comprimento.
Ele explica que o objetivo do novo Geoparque brasileiro é “usar o dinossauro como carro-chefe, porque é o que atrai as pessoas”. Porém, Thiago, aponta o caminho para aprofundar o debate: “Associado a isso a gente explica como era a vida naquele tempo, como eram esses ambientes, como era o clima pra gente poder compreender as mudanças ambientais globais e associar a outras partes da ciência também.”
Ubiraja é nosso!
Além da brincadeira da escavação, o espaço Geoparque conta com uma exposição de registros de ancestrais da biodiversidade moderna como um todo: crocodilos primitivos, ancestrais dos mamíferos, serpentes com patas, dinossauros emplumados e uma atração à parte: o “ Fóssil Ubirajara jubatus” , que voltou para casa após 30 anos fora, depois de longas negociações com o governo Alemão, e agora, cerca de um ano depois, está exposto na 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.
A espécie de pequena estatura viveu há aproximadamente 115 milhões de anos, na região onde hoje fica o estado do Ceará. Contrabandeado e levado à Alemanha há mais de 30 anos, o Ubirajara jubatus foi repatriado em 4 de junho de 2023, após grande movimento que envolveu cientistas de diversos países, autoridades, o governo brasileiro e alemão e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
O espaço do Geoparque é uma realização colaborativa entre o Departamento de popularização da Ciência do MCTI; o paleoartista Rodolfo Nogueira; o Geoparque Uberaba, vinculado à Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM); o Geoparque Araripe, vinculado à Universidade Regional do Cariri (URCA) e; o Geoparque Quarta Colônia, vinculado à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
“A Semana foi muito feliz em montar esse espaço do Geoparque para o despertar da ciência e para que também se torne mais popular esse instrumento de desenvolvimento sustentável dos territórios, do patrimônio geológico, ambiental e cultural de valorização e preservação”, valoriza o reitor da URCA, Carlos Kleber Nascimento.
Fonte: Gov.Br