A nova pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira (5) revela que, mesmo diante da crescente rejeição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o eleitorado brasileiro ainda demonstra mais temor diante de um eventual retorno do ex-presidente Jair Bolsonaro ao poder, informa Malu Gaspar em sua coluna no jornal O GLOBO. Segundo o levantamento, 45% dos entrevistados disseram ter mais medo da volta de Bolsonaro, enquanto 40% afirmaram temer mais a reeleição de Lula.
O dado ganha peso diante da atual conjuntura de desgaste do governo petista. De acordo com a pesquisa, 66% dos eleitores acreditam que Lula não deveria disputar um novo mandato em 2026, refletindo a queda de popularidade registrada ao longo do ano. Ainda assim, o temor de um retorno do bolsonarismo se mantém relevante, mesmo com Bolsonaro inelegível até 2030 e réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por sua suposta participação em um plano para impedir a posse de Lula após a eleição de 2022.
O levantamento foi realizado entre os dias 29 de maio e 1º de junho, com entrevistas presenciais aplicadas a 2.004 brasileiros a partir de 16 anos de idade.
Embora o resultado represente um alívio pontual para o presidente, que enfrenta os piores índices de aprovação desde o início de seu terceiro mandato, os dados da Genial/Quaest também mostram uma consolidação da rejeição a Lula próxima de 60%. Além disso, a pesquisa indica que o desempenho do petista em cenários de segundo turno contra nomes da direita vem caindo — com empates técnicos ou vantagens mínimas contra candidatos como Tarcísio de Freitas (Republicanos), Michelle Bolsonaro (PL) e Ratinho Júnior (PSD).
Lula dobra aposta na polarização
Diante da crescente rejeição e do fortalecimento de adversários da direita, o presidente tem apostado cada vez mais na estratégia de confronto direto com o bolsonarismo. Apesar de evitar citar Jair Bolsonaro nominalmente em algumas ocasiões, Lula não economiza nas críticas ao antecessor e ao seu entorno político.
Na última terça-feira (3), durante entrevista coletiva, o presidente voltou suas críticas ao deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que declarou à revista Veja estar disposto a disputar a Presidência da República em 2026, caso o pai permaneça fora da corrida eleitoral.
Essa retórica acentuada tende a ser mantida diante do recorte da pesquisa, que sugere que a rejeição a Bolsonaro ainda é um fator mobilizador importante para parte do eleitorado — um dado que pode ser estratégico para Lula, mesmo com seu próprio governo sob pressão.
Economia no radar
Outro dado relevante do levantamento da Quaest é a leve melhora na percepção econômica. A parcela de brasileiros que enxerga avanço na economia subiu dois pontos percentuais em relação ao último levantamento, ao passo que o número dos que preveem piora caiu oito pontos. Embora tímido, o movimento pode indicar espaço para recuperação na popularidade do governo, caso os indicadores macroeconômicos mantenham tendência positiva.
Esse resultado confronta diretamente o discurso adotado por líderes bolsonaristas e pelo Partido Liberal (PL), que vem apostando no slogan “se está tudo caro, volta Bolsonaro” em protestos de rua e nas inserções de rádio e TV.
A pesquisa evidencia, portanto, um cenário eleitoral polarizado e ainda incerto, em que o peso das rejeições — mais do que a aprovação ativa — poderá ser determinante na definição dos rumos da sucessão presidencial de 2026.