Maricá avança como uma das cidades brasileiras que mais investe em mobilidade urbana sustentável. Com uma proposta ousada e inovadora, a Prefeitura pretende eliminar o uso de combustíveis fósseis no transporte público até 2037. Para isso, aposta em veículos elétricos e híbridos, integrando tecnologia limpa à política de tarifa zero.
Desde o início de 2024, a Empresa Pública de Transportes (EPT) iniciou testes com ônibus híbridos elétrico-hidrogênio, desenvolvidos em parceria com o Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá (ICTIM) e a Coppe/UFRJ. A nova linha E-16, criada exclusivamente para os testes, conecta os dois principais hospitais municipais: o Hospital Conde Modesto Leal, no Centro, e o Hospital Ernesto Che Guevara, em São José do Imbassaí.
Além dos ônibus, a Prefeitura prepara a transição energética das vans que operam o transporte complementar nos bairros mais afastados. A meta é substituir esses veículos por versões elétricas, financiadas por meio de recursos do Banco Mumbuca. Todas as etapas são custeadas com parte da arrecadação dos royalties do petróleo.
O presidente da EPT, Celso Haddad, destaca que o plano de descarbonização começou em 2017. “Queremos continuar sendo referência não só em transporte gratuito, mas também em sustentabilidade. Melhorar rotas, oferecer ônibus mais modernos e, principalmente, sem emissão de poluentes”, afirmou Haddad.
Desde 2021, a cidade também testa protótipos de ônibus híbridos elétrico-etanol, que passaram por sucessivas atualizações. Atualmente, o quarto modelo está em operação. Todos os veículos possuem motor de tração elétrica e sistemas inteligentes que gerenciam o consumo e a recarga de energia. O abastecimento será feito em estações próprias da Prefeitura, distribuídas pelos quatro distritos da cidade, com coordenação da Coppe e da empresa Tracel.
Maricá foi pioneira ao implementar a tarifa zero em 2014. Na época, o sistema contava com apenas três linhas e 12 ônibus, transportando cerca de 2,1 milhões de passageiros por ano. Em 2024, esse número saltou para 38,5 milhões de passageiros, com 49 linhas e uma frota de 157 veículos.
Com uma arrecadação superior a R$ 1,6 bilhão em royalties do petróleo em 2025, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), a cidade aposta em usar esses recursos enquanto durarem para deixar um legado de infraestrutura e sustentabilidade.