A Executiva Nacional do DEM se reuniu nesta 2ª feira (14.jun.2021) e decidiu expulsar o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ). Ele entrou em atrito com a sigla à época da eleição para presidente da Casa, vencida por Arthur Lira (PP-AL), no início do ano.
““Em reunião realizada nesta segunda-feira (14), a Executiva Nacional do Democratas decidiu expulsar o deputado Rodrigo Maia (RJ) de seu quadro de filiados.
Após garantir o amplo direito de defesa ao parlamentar, os membros da Executiva apreciaram o voto da relatora, deputada Prof. Dorinha.
A comissão nacional, à unanimidade de votos, deliberou pelo cometimento de infração disciplinar, e consequente expulsão do deputado.
Executiva Nacional do Democratas”, diz nota divulgada pelo partido
Maia apoiava seu aliado Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa pelo cargo. Baleia também tinha apoio de partidos da oposição ao governo de Jair Bolsonaro.
A maioria dos demistas, porém, ficou do lado de Lira, aliado do Planalto. O ex-presidente da Câmara ficou sem clima entre os deputados da sigla. Também houve atrito com a cúpula da legenda.
A bancada do partido na Câmara decidiu pedir a expulsão do deputado depois de Rodrigo Maia atacar o presidente da legenda, ACM Neto, em redes sociais. As frases do deputado vieram depois de o presidente da sigla criticar o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
“Este baixinho não tem caráter. E ainda tem um pouco de pessoas que acreditam nele”, escreveu o deputado sobre o presidente do partido, entre outras afirmações.
“Comentários infantis e ofensas desnecessárias a ACM Neto refletem a tentativa de gerar constrangimento. Tem sido pior para ele [Maia]“, escreveu o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), quando divulgou que a bancada pediria expulsão.
O pedido para expelir o ex-presidente da Câmara do partido foi feito pelo próprio Efraim e por Arthur Maia (DEM-BA), desafeto de Rodrigo Maia.
“O presidente Torquemada Neto usando seu poder pra proibir críticas a sua gestão”, disse o ex-presidente da Câmara sobre seu processo de expulsão.
A alusão é a Tomás de Torquemada, um dos personagens mais importantes da inquisição, a perseguição sistemática e violenta promovida pela Igreja Católica na Europa a quem não aparentava seguir seus dogmas. O espanhol Torquemada viveu de 1420 a 1498.
Maia também afirmou, em sua conta no Twitter, que “o partido diminuiu. Virou moeda de troca junto ao governo Bolsonaro. Agora é virar a página e juntar forças para um projeto de desenvolvimento do Brasil e em prol dos brasileiros”. Eis a postagem:
Maia é deputado desde 1998. Todas as vezes foi eleito pelo DEM (ou PFL, nome que o partido teve até 2007). Presidiu o partido de 2007 a 2011. Também já foi filiado ao PTB e, antes de ser eleito, ao PDT.
Ainda não está claro se haverá disputa judicial pelo mandato de Rodrigo Maia. Quando um deputado deixa um partido fora do período específico para trocas de siglas, corre o risco de perder o mandato. Quando é expulsão, porém, a chance de isso acontecer é menor.
Maia agora deverá buscar uma nova sigla. A legenda mais cotada é o PSD, pra onde já foi seu aliado Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, e ainda devem desembarcar outros integrantes de seu grupo político.