Uma cerimônia marcada pela emoção do filho da cantora, o diretor Jaime Monjardim, ele e a Prefeitura de Maricá assinaram, na tarde desta terça-feira (13/07), a aquisição pelo município da casa que pertenceu à Maysa, falecida em janeiro de 1977. A residência, na Praia de Cordeirinho, será transformada num museu em homenagem à artista que se consolidou como uma das mais brilhantes e sensíveis vozes da música brasileira.
O imóvel vai integrar o projeto “Orla do Samba e das Utopias”, iniciativa da Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar), que deve reunir outras duas casas-museus (Casa Beth Carvalho e Casa Darcy Ribeiro).
“Hoje é um dia especial para todos nós, é um dia de marco, de um sonho que se faz realidade. O Jayme Monjardim entendeu que essa casa tem um lugar de pertencimento para além da sua família e quando possuído pelo despossuimento da materialidade se permitiu tirar de si, tirar da sua família e entregou esse lugar cheio de significados existenciais da Maysa para a cidade, para o Brasil”, afirmou o prefeito de Maricá, Fabiano Horta. “Só tenho a agradecer em nome da cidade de Maricá por esse ato de liberdade”, completou o prefeito.
“Após esse ato feito, vem outros desafios e assim vamos transformando o mundo, a cidade e o lugar que vivemos. Esses museus precisam estar vivos. Esse é um sonho de construir a partir do mundo público um diálogo mais profundo com as pessoas”, avaliou Fabiano.
A relação de Maysa com Maricá vai muito além da casa que escolheu para viver na Rua 89. Em um de seus diários a cantora teria revelado: “só fui feliz em Maricá”. Visivelmente emocionado, o diretor Jayme Monjardim falou da relação de sua mãe com Maricá.
“Agora essa é a casa do Brasil, é a casa de Maricá. Foi aqui que a minha mãe viveu os momentos mais felizes. Aqui em volta não tinha nada, foi um investimento emocional que ela fez aqui, ela jogou na construção dessa casa tudo o que ela tinha de melhor. Tudo que ela conseguiu recolher em vida está aqui”, afirmou o diretor. “No dia que ela sofreu o acidente e faleceu, eu cheguei aqui e encontrei a casa intacta e logo em seguida, vim morar aqui”, contou. “Sei muito bem o que minha mãe passou. Tenho certeza de que essa casa vai ficar como uma casa de amor, amor às pessoas, amor à vida. Vamos ter que entender como é a solidão, pois para muita gente a solidão não é fácil, mas minha mãe, com trinta e poucos anos, encontrou aqui paz dentro da solidão”.
Jayme disse ainda que está à disposição para colaborar com a construção do Museu Casa Maysa. “Os textos dela ficarão disponíveis aqui. São mais de 20 mil textos, fotos, objetos pessoais, músicas e outros materiais que estarão à disposição e que de alguma maneira, de forma tecnológica, será de fácil acesso, será digital e interativo. Por tudo isso eu estou muito feliz por entregar a Maysa para todos”, finalizou Jayme.
De acordo Olavo Noleto, presidente da Codemar, o próximo passo é montar o projeto dos museus e após concluído dar início a sua execução.
“Queremos colocar Maricá no roteiro turístico cultural do Brasil. Somos um município que se propõe a ser uma cidade das artes e, para isso, é muito importante esse trabalho de resgate ao patrimônio histórico e cultural que valoriza os seus heróis, heróis como a Maysa, Beth Carvalho e Darcy Ribeiro. Assim que tivermos um calendário de execução e inauguração dos museus e do projeto “Orla do Samba e das Utopias”, divulgaremos”, afirmou.
Durante a solenidade também estiveram presentes o vice-prefeito, Diego Zeidan; o secretário de Turismo, Robson Dutra; o secretário de Cultura, Sady Bianchin; e demais autoridades municipais e artistas da cidade.