Um dos casos citados aconteceu em São Paulo, no dia 24 de julho, quando a Polícia Militar invadiu um terreiro após receber denúncia do Conselho Tutelar de que a menina estaria sofrendo abuso sexual dentro do local. O exame de corpo de delito não apontou abuso. O conselheiro tutelar Lindemberg Araújo fez uma denúncia à promotoria, dizendo que o cabelo raspado da menor (que faz parte do ritual de iniciação), era fruto de lesão corporal.
“Ficou óbvio que o mandato foi fruto da intolerância religiosa, já que em nenhum momento, a polícia foi a sua casa para investigar as acusações de maus tratos e abuso. A mãe sequer foi ouvida. Ninguém do Conselho Tutelar visitou a casa para ver a menina. Foi tudo feito às pressas sem ouvir ninguém”, explica.
Segundo o deputado, Lindemberg faz parte dos conselheiros tutelares que se caracterizam pelo preconceito religioso, que não respeitam os territórios sagrados de matriz africana. Em um áudio, uma conselheira tutelar, diz: “que o pessoal dessa religião oferece a vida de determinada criança em sacrifício”, acrescentou o deputado.
Ainda de acordo com o relator da CPI, o aparelhamento por membros de igrejas neopentecostais abre oportunidade para a prática de intolerância religiosa, como foi o caso de Araçatuba. A prática vai contra a constituição que garante aos pais o direto de definir a educação religiosa dos filhos. “Se os pais são de uma religião e optaram que a filha fosse iniciada nessa, trata-se de uma decisão definitiva, inquestionável”, afirma o parlamentar.
“Se assim não o fosse, famílias de muçulmanos e judeus não fariam a circuncisão nos seus filhos. E por que só os seguidores do Candomblé são vítimas dessas investidas? Essa não foi a primeira vez. O aparelhamento por igrejas neopentecostais é um fato, tanto que houve um pedido do MP para serem anuladas as últimas eleições, haja vista a interferência nociva de instituições religiosas em busca de ampliação de poder”, conclui Átila Nunes