A menopausa é uma fase natural na vida de todas as mulheres. É o período caracterizado pelo fim da menstruação, em que a mulher cessa sua atividade reprodutiva. Os sintomas da menopausa se iniciam, geralmente, entre os 46 e 51 anos de idade da mulher brasileira. No entanto, pode ocorrer mais cedo, antes dos 40 anos, caracterizando uma menopausa precoce, um quadro clínico com sintomas específicos e que merecem nosso olhar especial.
A mulher, desde o seu nascimento, possui uma quantidade determinada de folículos no ovário, que são essenciais para sua função reprodutiva. Ao longo dos anos, ela vai perdendo esses folículos gradativamente e quando chega na puberdade, ela começa a perder cerca de 300 folículos por mês. Em alguns casos, essa perda pode ser acelerada, fazendo com que a menopausa chegue mais cedo.
A menopausa precoce pode ocorrer devido a um distúrbio hormonal, em que é reduzida a produção de hormônios femininos, mas também pode ocorrer devido a falência do funcionamento dos ovários, o que é chamado de falência ovariana precoce (FOP). Nesse caso, ocorre a perda temporária ou definitiva da produção de hormônios, diminuindo o número dos óvulos liberados, que, por sua vez, gera a alteração hormonal.
A seguir, entenda os fatores de risco para a menopausa precoce, os sintomas e quais são seus tipos de tratamento recomendados!
O que é FOP?
A falência ovariana precoce (FOP) ou insuficiência ovariana primária é caracterizada como a perda da função ovariana antes dos quarenta anos de idade. As mulheres que sofrem de FOP deixam de produzir hormônios e não liberam mais óvulos, o que resulta na infertilidade.
Muitas pessoas confundem a FOP com a menopausa precoce, mas existem diferenças entre elas. Mulheres com FOP podem apresentar ciclos menstruais ocasionais ou irregulares durante anos e podem até mesmo obter a gestação de forma espontânea. Já as mulheres com menopausa precoce não apresentam mais ciclos menstruais e consequentemente não podem obter a gestação de forma espontânea.
A FOP está associada a algumas desordens genéticas relacionadas ao cromossomo X, tais como:
- Síndrome de Turner (condição em que a mulher apresenta apenas um cromossomo X, ao invés de dois);
- Trissomia do cromossomo X: compromete o braço curto ou uma porção exata do braço longo do cromossomo, responsável pela função dos ovários;
- Translocações do cromossomo X: também envolve uma região bastante específica desse cromossomo, levando à morte das células ovarianas;
- Síndrome do X Frágil: forma mais comum de retardo intelectual no mundo.
Causas da menopausa precoce
A menopausa precoce, como o próprio nome sugere, ocorre devido ao envelhecimento dos ovários antes do tempo e pode ocorrer devido a diversos fatores. Os fatores de risco são:
- Doenças autossômicas: os linfócitos T ou os anticorpos das células B começam a atacar os ovários, causando lesões e prejudicando a produção de óvulos.
- Tratamento do câncer, que podem ocasionar a falência dos ovários por meio da radio e quimioterapia.
- Histórico familiar (mãe ou irmã);
- Doença autoimune;
- Retirada de um dos ovários ou cirurgia parcial em ambos os ovários;
- Pessoas que trabalham com radioterapia;
- Cirurgia de ligação das trompas e retirada do útero;
- Deficiências enzimáticas como a Galactosemia, uma doença genética causada pela falta da enzima galactose;
- Algumas doença infecciosas como Caxumba, infecção por Shigella e malária;
- Retirada dos ovários através de cirurgia em casos de tumor ovariano;
- Doença pélvica inflamatória ou endometriose.
Menopausa precoce: é possível evitar?
Infelizmente, não existe uma maneira concreta de prevenir o envelhecimento precoce da função ovariana. No entanto, quanto mais cedo for realizado o diagnóstico, melhores são as chances de uma melhor qualidade de vida. Dessa forma, é de extrema importância realizar consultas regulares com o ginecologista, a fim de identificar o problema com antecedência.
O ginecologista é o especialista indicado para realizar o diagnóstico da menopausa precoce. O diagnóstico é feito, geralmente, quando há ausência ou irregularidade menstrual, por meio de exames de sangue que permitem a dosagem dos hormônios FSH, estradiol e de prolactina.
A boa notícia é que, de acordo com um estudo recente publicado pelo jornal científico American Journal of Epidemiology, alimentos ricos em proteína vegetal podem reduzir o risco de menopausa precoce em até 60%. A suplementação a base de cálcio e vitamina D, também podem reduzir os sintomas.
Sintomas e consequências da menopausa precoce
Em alguns casos, o envelhecimento precoce dos ovários pode ser um problema silencioso, que não causa sintomas. Algumas mulheres podem continuar a menstruar, inclusive. Os sintomas também podem ser mascarados em caso do uso de anticoncepcionais hormonais, já que possuem uma grande quantidade de hormônio estrogênio.
Contudo, muitas mulheres se queixam dos seguintes sintomas:
- Ciclos menstruais irregulares, com intervalos longos, ou ausência completa de menstruação;
- Instabilidade emocional como mudanças bruscas de humor e irritabilidade sem causa aparente;
- Diminuição da libido e falta de desejo sexual;
- Ondas de calor repentinas, que surgem em qualquer ocasião e inclusive em locais frescos;
- Suor excessivo, especialmente durante a noite;
- Insônia;
- Aumento de peso;
- Cansaço frequente;
- Secura vaginal.
Apesar de serem os mesmos da menopausa, é comum que eles sejam sentidos com mais intensidade devido à brusca interrupção na produção dos hormônios sexuais.
Além disso, o envelhecimento prematuro dos ovários pode causar outros problemas além desses sintomas incômodos, como aumento das chances de aborto, má qualidade dos óvulos que restam ou maiores chances de doenças genéticas, risco aumentado para desenvolver doenças cardíacas ou doenças ósseas como osteoporose, e maior tendência para ter problemas de depressão ou ansiedade.
Menopausa precoce e a fertilidade
É comum associar a menopausa à infertilidade, já que, nesse período, a mulher não produz óvulos em qualidade suficiente para a fertilização. No entanto, a mulher que sofre de menopausa precoce ainda possui 10% de possibilidade de engravidar.
Embora as chances sejam mínimas, quando o problema é diagnosticado precocemente, as chances podem aumentar para 50% com o auxílio de métodos de fertilização, como fertilização in vitro ou estimulação dos ovários com a reposição hormonal.
Reposição hormonal é realmente efetiva?
A Terapia de Reposição hormonal é o tratamento mais indicado para reduzir os sintomas da menopausa. O tratamento é realizado por meio de medicamentos à base do hormônio estrogênio e progesterona, que tem sua produção reduzida nessa fase da vida da mulher.
Existem dois tipos principais de terapias que podem ser indicadas para fazer a reposição dos hormônios:
- Terapia com estrogênios: nesta terapia são usados medicamentos contendo apenas estrogênios como estradiol, estrone ou mestranol, por exemplo, sendo especialmente indicada para mulheres que tenham removido o útero.
- Terapia com estrogênio e progesterona: neste caso são usados medicamentos contendo progesterona natural ou uma forma sintética de progesterona combinada com um estrogênio.
O tratamento pode ser feito por meio do uso de comprimidos ou adesivo para a pele. A duração do tratamento pode variar entre 2 a 5 anos, dependendo do organismo e nível do envelhecimento dos ovários da mulher.
A reposição hormonal também auxilia a reduzir as chances de osteoporose, doenças cardiovasculares e até a depressão, que é comum em mulheres que sofrem com a menopausa precoce. A reposição hormonal deve ser prescrita pelo seu ginecologista de confiança.
Convivendo com a menopausa
A menopausa não precisa ser um período de sacrifícios e incômodos. Os médicos são unânimes em afirmar que hábitos saudáveis, como a prática regular de atividades físicas e uma alimentação equilibrada são essenciais para melhorar a qualidade de vida durante o período.
Evite o fumo, o consumo excessivo de doces, gorduras e produtos embutidos. Aumente o consumo de alimentos integrais, sementes e produtos de soja na dieta, pois eles favorecem a regulação hormonal. Consulte o seu médico sobre a necessidade de suplementação alimentar para garantir o abastecimento de todos os nutrientes necessários para a uma vida saudável.
Além disso, realize uma atividade física prazerosa, como caminhada, corrida, dança, ou seja, o importante é manter o corpo em movimento para fortalecer a musculatura e auxiliar o preparo físico. Optar por uma vida saudável é a melhor escolha para garantir mais qualidade de vida e passar pela menopausa de forma natural, como deve ser!
Cuidado nunca é demais, ainda mais quando falamos de nossa saúde, seja durante a menopausa ou em qualquer época da vida. E então? Conseguiu tirar todas as suas dúvidas a respeito da menopausa precoce? Se você está passando por esse momento, compartilhe sua experiência conosco!