Rio – O Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio, por unanimidade de votos, negou nesta segunda-feira um pedido de mandado de segurança do ex-governador Wilson Witzel contra a decisão do Tribunal Especial Misto (TEM) que, no dia 30 de abril deste ano, ao julgar processo de impeachment, decidiu cassar o seu mandado, bem como torná-lo inelegível pelo prazo de cinco anos. Os desembargadores acompanharam o voto do relator, desembargador Bernardo Garcez.
A escolha nominal de cinco deputados estaduais para integrar o TEM (metade dos membros) e julgar Wilson Witzel também foi atacada. Segundo a defesa, o fato teria violado o princípio da impessoalidade previsto no art. 37 da Constituição Federal e configuraria um tribunal de exceção.
Os argumentos, no entanto, não foram acolhidos pelos desembargadores que integram o Órgão Especial do TJRJ. Em seu voto, o relator Bernardo Garcez, que em maio já havia indeferido pedido de liminar, destacou que, em razão da não edição da lei específica pelo Congresso Nacional, o processo de impedimento continua regulamentado infraconstitucionalmente pela Lei Federal 1079 de 1950, editada na vigência da Constituição Federal de 1946.
O desembargador assinalou que o Supremo Tribunal Federal afirmou a aplicação da Lei Federal 1079 aos processos de impeachment dos governadores. E não há dúvida quanto à recepção dos seus aspectos materiais e processuais pela Constituição de 1988.
“Diante do exposto, no exercício judicial do processo de impedimento, não há direito líquido e certo do impetrante Wilson Witzel a ser resguardado, porque não houve qualquer violação ao devido processo legal”, concluiu o relator.
O ex-governador foi acusado de crime de responsabilidade por suposto esquema de corrupção na Saúde, durante a pandemia. O pedido foi acatado na Alerj no dia 23 de setembro de 2020 e, pouco mais de sete meses depois (219 dias), no dia 30 de abril, Witzel acabou condenado à perda do cargo. A votação que culminou na sua destituição teve unanimidade. Além de ser o primeiro governador impichado do Rio, Witzel também perdeu poderes políticos por cinco anos.