Policiais reformados que vivem em Niterói e adjacências denunciam que o Hospital da Polícia Militar local sofre um processo de desmonte. O Centro de Tratamento Intensivo está desativado e o centro cirúrgico oferece apenas cirurgias simples. Além disso, todas as enfermarias estão desativadas e os quartos de enfermarias foram transformados em consultórios de psicologia.
As queixas motivaram uma denúncia protocolada no Ministério Público nesta terça-feira (21). Segundo a denúncia, há ainda carência de profissionais de saúde que teriam sido mobilizados para o Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), no Estácio, Região Central do Rio.
Os policiais e dependentes que utilizam o hospital são pacientes que residem na área da Região dos Lagos e Niterói e perderam a emergência, que era oferecida na unidade.
Quem frequenta o hospital, diz que não há recursos nem para realizar os primeiros-socorros dos pacientes e que há cerca de cinco anos vêm se intensificando um processo de transferência de pessoal e equipamentos de Niterói para o Hospital da PM do Rio.
“Tínhamos CTI de 8 leitos, centro cirúrgico e emergência. Funcionava super bem. O pessoal foi entrando para reserva e não foi sendo reposto, além das transferências de profissionais para o hospital do Rio. A demanda segue alta de emergência e ambulatório em Niterói”, conta uma fonte que terá a identidade preservada.
Bens como ambulância e respiradores também foram encaminhados para a unidade do Rio. “As enfermarias eram lotadas. Hoje, os quartos estão adaptados para psicologia e o CTI está com camas novas, mas está fechado. É um desperdício, e os profissionais que permanecem ficam sobrecarregados”, completa.
Segundo a denúncia do advogado especialista em Direito Militar Fabio Tobias, o hospital teve a estrutura reduzida comparada a de uma policlínica. “Os policiais militares que residem e servem na Região Oceânica, na Região dos Lagos e adjacências não possuem condições de buscar atendimento no Hospital Central da Polícia Militar no Estácio, Região Central do Rio”, diz parte do texto que cobra medidas para que a unidade supere a condição de precariedade e abandono.
Tobias alega que a redução na oferta de serviços no Hospital da PM de Niterói é um problema de gestão e não de dinheiro.
“Não é por falta de dinheiro. Embora, a lei 443/81 garanta ao militar e dependentes auxílio médico e hospitalar sem contraprestação, a Polícia Militar cobra pelo serviço através de um desconto no contracheque do policial chamado Fundo de Saúde. Essa cobrança é feita para milhares de militares”, ressalta.
Segundo a denúncia, na unidade de Niterói, há apenas oito médicos para atender o laboratório de oftalmologia, e os setores de clínica geral, ortopedia e cirurgia vascular.
Procurada, a Polícia Militar não se manifestou nem informou sobre o retorno previsto dos atendimentos suspensos.