Todos os dias o funcionário público Luís Fernando, de 38 anos, mais conhecido como “Zaca”, sai de casa religiosamente às seis da manhã para treinar. Montado em sua bicicleta, o atleta de mountain bike corta os bairros do município na tentativa de se divertir, manter a saúde em dia e conhecer novos lugares da cidade.
Apesar do roteiro de uma diária aventura, a rotina de Zaca frequentemente encontra um grande problema pela frente: o trânsito. O obstáculo que parece ser uma “pedra no caminho”, na verdade, é um grande transtorno na vida dos ciclistas como fechadas, freadas bruscas, impaciência e até acidentes.
Um levantamento da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) analisou os dados de internações por acidentes de ciclistas nos últimos dez anos. Deste estudo, foi concluído que o Sistema Único de Saúde (SUS) gasta até R$ 15 milhões por ano com acidentes envolvendo bicicletas.
“Eu costumo treinar de manhã cedo justamente pela quantidade reduzida de carros e pedestres no trânsito. Se eu sair de casa mais tarde torna-se muito perigoso treinar, pela quantidade de carros que não respeitam a gente, de motos e de pessoas – que quase sempre caminham na ciclovia”, comentou o funcionário público Luís Fernando Zaca, que é atleta de ciclismo há 13 anos.
Para a moradora da Barra de Maricá, Bianca Alves, 61, que caminha diariamente pela orla da praia, a criação das ciclovias no município trouxe mais segurança para os ciclistas.
“Antigamente eu via muito acidente de trânsito nas ruas, era carro que atropelava as pessoas de bicicleta, moto que derrubava você na sua bicicleta, mas eu percebi que as ciclovias garantem uma segurança a mais para essas pessoas, só falta um pouco de consciência das pessoas na hora de parar o carro, sempre vejo carros estacionados na ciclovia”, apontou.
O município de Maricá conta hoje com 42 quilômetros de malha cicloviária e, para que o trajeto entre os bairros seja o mais seguro possível, o ciclista precisa se proteger e respeitar o trânsito, é o que conta o escrevente Edson Dantas, de 53 anos.
“Por sorte eu nunca sofri acidentes enquanto pedalava, mas para que isso acontecesse eu sempre tomei muito cuidado nos meus trajetos – isso é uma coisa que falta para os ciclistas de hoje também, é preciso respeitar o trânsito e os demais que dividem as vias com a gente”, disse.
Uso de equipamentos minimiza acidentes
Ainda segundo o praticante do ciclismo, utilizar o equipamento correto durante o exercício diminui drasticamente as chances de acidente.
“É preciso andar sempre equipado, usando o capacete bem preso à cabeça, usar roupas adequadas, luvas, (à noite dar preferência sempre a roupas claras), utilizar a sinalização da bike (luzes traseira e dianteira), manter sempre contato visual com tudo que acontece ao seu redor sempre que possível, andar e manter sempre a sua bike revisada isso ajuda evitar muitos acidentes”, orienta.
Cartilha para ciclistas contra acidentes de trânsito
Para minimizar o risco de ciclistas no trânsito, o secretário municipal de Trânsito e Engenharia Viária, Márcio Carvalho, orientou boas práticas para ciclistas em deslocamento pelo município.
“É sempre muito importante usar o capacete, respeitar a prioridade do pedestre, procurar sempre transitar nas vias ou ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas. Uma coisa preocupante é que muita gente faz achando ser o certo é trafegar na contramão, achando que visualizando o veículo em sentido contrário é mais seguro – não é. O ciclista tem que trafegar no sentido do fluxo, isso garante uma melhor visualização do motorista e mais segurança para o esportista”, explicou.
Projeto de educação no trânsito
A Prefeitura de Maricá, por meio da Secretaria de Trânsito e Engenharia Viária, estuda um projeto permanente de educação no trânsito. O projeto, segundo o titular da pasta, Márcio Carvalho, visa conscientizar motoristas, ciclistas, pedestres e motociclistas.
“Vamos, de maneira permanente, estar nas escolas do município e também nas ruas educando a população para as boas práticas no trânsito, no objetivo de conscientizar motoristas, ciclistas, motociclistas e pedestres sobre o problema no município”, finalizou.