O trabalho voluntário é uma das formas encontradas pela sociedade civil para exercer a cidadania. Mas também pode ser uma importante ferramenta de empoderamento feminino. Afinal, por meio do voluntariado mulheres conseguem atuar em prol da transformação da realidade de outras mulheres, contribuindo para a construção de uma realidade mais justa e igualitária.
“Estamos em um momento especial no mundo de reconhecimento das mulheres como grandes protagonistas, inclusive em empreendedorismo nas frentes social, econômica e tecnológica. Dentre todos esses cenários, não podemos descartar o voluntariado. Como a mulher está tendo essa ascensão, reconhecimento, empoderamento e protagonismo, ela também agrega isso à questão da solidariedade, às questões humanitárias de voluntariado”, afirma Erika Santana, voluntária do Instituto Virada Feminina.
Em um contexto em que a Covid-19 escancarou desigualdades sociais e agravou ainda mais a situação de populações vulneráveis, as mulheres se destacaram.
De acordo com um relatório da Atados, elas representam 68% do público que atua nos projetos voluntários da plataforma. E esse número é significativo, pois representa um aumento na procura desse tipo de atividade por mulheres e o consequente aumento da representatividade feminina e de programas voltados para a redução de impactos, muitas vezes causados pela desigualdade de gênero.
Ações para empoderar cada vez mais mulheres
Projetos e iniciativas de voluntariado feitos por mulheres para mulheres buscam assegurar não só o empoderamento, mas também a autonomia de cada uma sobre suas vidas e escolhas.
“A importância de iniciativas de mulheres para mulheres é a identificação pela questão feminina, somos pares, somos iguais”, comenta Erika Santana.
Como parte de um dos grupos sociais mais afetados por vulnerabilidades, as mulheres veem nos programas de voluntariado a oportunidade de ajudar umas às outras. As iniciativas realizadas são fundamentais no combate às violências e desigualdades de gênero. Além disso, abrem portas para oportunidades e novas perspectivas de vida.
Conheça algumas instituições apoiadas pela Fundação Telefônica Vivo que possuem forte atuação em empoderamento feminino.
AFESU
Criada em 1963, a ONG é uma das principais a atuar com a educação e qualificação profissional gratuita de meninas e mulheres, entre 8 e 24 anos. A instituição possui polos em Cotia (SP), no Jardim Taboão e na Vila Missionária, em São Paulo (SP), e já impactou mais de 40 mil alunas, formando líderes e as inserindo no mercado de trabalho.
“O voluntariado feminino tem uma participação concreta e contínua. Elas são capazes de desdobrar soluções, articular redes e conseguir envolvimento de muitas pessoas. Essas ações criam sinergia e muita proximidade. Há uma espécie de empatia direta com a beneficiária, ao mesmo tempo que o voluntariado serve de inspiração”, declara Ilsiane Peloso, coordenadora da AFESU.
Dentre os projetos realizados pela ONG estão atividades complementares no contraturno escolar, iniciação profissional para jovens e cursos técnicos.
Em parceria com o Comitê de Voluntariado de São Paulo, a ONG realizou um projeto para inspirar, empoderar e educar mulheres para a tecnologia por meio de cursos e da criação de um laboratório maker na unidade de Veleiros. Durante o Dia dos Voluntários, também ocorreram palestras de conscientização sobre pobreza menstrual e atividades com foco em protagonismo e empreendedorismo social.
Centro Social Carisma
Localizado em Osasco (SP), o Centro Social Carisma busca atender crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social, contribuindo para sua formação educacional e cultural.
Dentre os projetos de destaque está o Oficina do Bem, que capacita mulheres jovens e adultas para o mercado de trabalho através de oficinas de costura.
“O principal objetivo do empoderamento de mulheres voluntárias é capacitá-las para atingir seu pleno potencial. O empoderamento feminino refere-se basicamente a dar poder para outras mulheres, para que cada uma delas possa assumir seu poder individual. Com isso, há crescimento e fortalecimento do papel de todas na sociedade”, declara Celina Mendes Prado, coordenadora do Centro Social Carisma.
As máscaras de proteção utilizadas pelos voluntários no Dia dos Voluntários 2021 foram confeccionadas pelas mulheres que fazem parte da Oficina do Bem.
Projeto OCA
“São ações de mulheres para mulheres que despertam o encorajamento feminino com empatia e com muita clareza nesse contexto de desigualdade de gênero e social”, afirma Vivian Dias, assistente social das Oficinas Culturais Anchieta (Projeto OCA).
O projeto – que é uma obra social do Pateo do Collegio – tem como missão auxiliar jovens em situação de vulnerabilidade social em seu desenvolvimento sociocultural, valorizando suas histórias de vida, trabalhando o espírito comunitário e as preparando para o mercado de trabalho.
As mulheres atendidas pelo projeto participam de oficinas de artesanato, cerâmica e entalhe em madeira, criando peças únicas que são comercializadas e contribuem para a geração de renda para elas.