Após ficar três dias internado por uma obstrução intestinal, o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi questionado sobre sua saúde durante conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada nesta segunda-feira, 10. “Tudo bem, para alegria de uns e tristeza de outros”, respondeu o presidente. Também nesta segunda, em entrevista exibida na Jovem Pan News, Bolsonaro afirmou que está com a saúde 100%, além de falar sobre o ex-ministro, Sérgio Moro, e sobre a ajuda da Argentina à Bahia.
Na entrevista, o presidente voltou a afirmar que o ex-ministro e potencial adversário nas eleições presidenciais deste ano, Sérgio Moro (Podemos), teria aceitado a troca do então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, por uma indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“Na véspera da demissão, quando ele [Moro] esteve comigo, ele disse que aceitava mandar embora o diretor-geral [da PF] só em setembro, quando eu o indicasse ao Supremo. Que petulância. Eu confesso que acreditei desde o começo, como muitos acreditaram. Ele foi do meu governo para fazer trabalho sério, para se blindar ou para se preparar para ser candidato a presidente da República. Tem três alternativas. Não deu certo. Tirei ele fora”, disse Bolsonaro.
Além disso, o presidente disse que Moro achava que “era o dono do Ministério” e falou sobre suas divergências com o ex-ministro.
“A questão da Polícia Federal eu achava que tinha que ser dessa maneira. Outras questões foram aparecendo ao longo do meio do caminho e ele não admitia isso daí, era tudo dele. No início do governo, ele colocou lá num conselho uma senhorita de nome Ilona Szabó, que quando eu vi eu falei: Essa senhora aqui não tem nada com o que a gente defende, as posições dela são bastante progressistas. Não interessa se essa pessoa não assumir. ‘Ah, a gente precisa, para ter um contraponto’. Falei: Moro, contraponto já tem a imprensa. Não tem que colocar gente lá para dar pancada em você, para pegar o que acontece lá e jogar na imprensa. Levei três dias para demitir essa mulher. Ele passou a achar que era o dono do ministério”, disse o presidente.
Ajuda humanitária da Argentina
Bolsonaro também desmereceu a ajuda humanitária oferecida pelo governo de Alberto Fernández, da Argentina, para auxiliar as vítimas da forte chuva no sul da Bahia.
“Ajuda foram 10 pessoas. Eu agradeço o governo argentino, eu não ofereceria isso para país nenhum do mundo. Eu não ia oferecer para o Paraguai, Bolívia, Argentina, qualquer país do mundo numa situação crítica oferecer 10 pessoas para trabalhar lá”, afirmou o presidente.
“E para fazer o quê? Não eram especialistas em nada, eram basicamente técnicos de almoxarife em separar doações e encaminhá-las para o local que deveria ser encaminhado. Isso seria muito mais caro para a gente”, completou Bolsonaro.
Ele acrescentou e disse que aviões da Força Aérea teriam que buscar os argentinos. Na ocasião, o país ofereceu apoio psicossocial e afirmou que iria mandar profissionais especializados em saneamento para a região.
Em dezembro, o Ministério das Relações Exteriores oficializou a recusa ao consulado da Argentina no Brasil e afirmou que o Executivo contava com “todos os recursos financeiros e de pessoal necessários” para contornar a crise.
Por sua vez, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), disse, na ocasião, que aceitaria qualquer auxílio externo ao país mesmo sem permissão das autoridades diplomáticas brasileiras. “Argentina ofereceu ajuda humanitária às cidades afetadas pelas chuvas na Bahia, apesar da negativa do Governo Federal. Me dirijo a todos os países do mundo: a Bahia aceitará diretamente, sem precisar passar pela diplomacia brasileira, qualquer tipo de ajuda neste momento”, disse o Costa em uma rede social.