A Prefeitura de Maricá fez um workshop nesta quarta-feira (27/04) com os funcionários da Secretaria de Políticas Inclusivas sobre acessibilidade, utilizando cadeiras de rodas, vendas nos olhos e guias para se deslocarem nas calçadas, ruas e na Praça Orlando de Barros Pimentel, no Centro. Servidores vivenciaram as dificuldades que as pessoas com deficiência visual e de mobilidade sentem no cotidiano. A iniciativa integra o Programa Maricá Acessível, gerido pela Secretaria de Urbanismo em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
Para a secretária de Políticas Inclusivas, Sheila Pinto, o objetivo principal é que os servidores sejam multiplicadores e possam sensibilizar outras pessoas sobre a necessidade de uma cidade mais inclusiva e acessível.
“Eles sentiram na pele o que o cadeirante ou a pessoa com deficiência visual passam e agora poderão ajudar a criar políticas públicas de acessibilidade. Vamos trabalhar esse impacto social na cidade, por meio de campanhas visuais. A primeira barreira que tem que cair é a do comportamento. Quero a construção de uma cidade com acessibilidade para todos”, afirmou Sheila.
Uma das pessoas que passou por essa experiência foi o recepcionista da secretaria Israel Silva dos Santos, de 40 anos, com os olhos vendados para atravessar a Rua Domicio da Gama, sendo amparado por outro servidor. Com apenas uma guia, Israel também circulou pela Praça Orlando de Barros Pimentel, no Centro.
“Pelo tato, com ajuda de um colega, consegui reconhecer por onde estava caminhando. Depois, quando estava andando sozinho, fiquei perdido, sem noção de espaço. A sensação é de desconforto, preocupação, tensão. Acho que poderia colocar marcações para ajudar as pessoas com deficiência nos deslocamentos”, afirmou Israel.
A assistente social Leonir Leon, de 51 anos, circulou de cadeira de rodas pelas ruas do Centro e disse que as principais dificuldades foram os obstáculos nas calçadas e o piso irregular.
“Senti muita tremedeira ao andar na cadeira por causa do piso, sensação de que ia cair. Também tive dificuldade de andar sozinha e ficava o tempo todo procurando alguém para me ajudar”, contou Leonir.
Sensibilização para quem faz as obras na cidade
A arquiteta responsável pelo Programa Maricá Acessível, Ana Cláudia Garcia, acrescentou que esse trabalho de sensibilização também foi realizado com quem é responsável pelas obras da cidade.
“Já treinamos os funcionários do Serviço de Obras de Maricá (Somar) para eles entenderem que um centímetro na calçada faz diferença para o cadeirante, porque se não estiver dentro da inclinação a pessoa com deficiência não consegue acessar”, afirmou Ana Cláudia.
Sobre a padronização das calçadas, uma das etapas indicadas pelo decreto municipal nº 694, de 28 de abril de 2021, que criou o Programa Maricá Acessível, Ana Cláudia informou que a revisão do manual técnico está sendo finalizada antes de apresentá-lo à população.