Há um ano, o jovem Jhonata Barcelos, de 21 anos, morador do Morro do Estado, em Niterói, viu um sonho ser realizado: foi contratado como educador socioambiental do projeto “Programa de Educação Ambiental (PEA) de Rendas do Petróleo”, da Fundação Instituição Administrativa (FIA) para a Petrobras. “Ver a marca da Petrobras na divulgação da vaga foi assustador e motivador também. Não imaginava que iria ser selecionado”, conta.
Jhonata, que sempre trabalhou informalmente, viu sua vida mudar depois que entrou para o curso de assistente administrativo do Projeto Niterói Jovem EcoSocial, iniciativa da Prefeitura de Niterói – por meio da Secretaria Municipal de Participação Social – em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). O objetivo do EcoSocial, que está em sua segunda edição atualmente, é oferecer capacitação profissionalizante, desenvolver habilidades sociais e realizar formações nos territórios.
O jovem, que nasceu na Comunidade do Preventório, também em Niterói, começou a trabalhar aos 13 anos e não parou mais. Já carregou material de construção, já foi atendente de uma loja no Preventório, foi Jovem Aprendiz em uma rede de restaurantes, vendeu doce na comunidade e em bailes funks e foi camelô no Centro de Niterói. Durante todos esses anos e ao mesmo tempo em que tinha, muitas vezes, dois empregos, Jhonata conta que nunca deixou de estudar.
“Via pessoas da minha família, que são bem remuneradas, e que sempre falavam para mim: “Estuda!”. Isso me inspirou. E eu não tinha condições financeiras de patrocinar um curso para mim mesmo. Eu trabalhava para me manter. Quando eu vi a oportunidade, resolvi tentar”, conta Jhonata, se referindo ao curso do EcoSocial.
Ele se inscreveu no Projeto Niterói Jovem EcoSocial em 2018 e começou o curso no final de 2019. Por conta da pandemia, o curso, que estava previsto para acabar em um ano, terminou em 2021. A vivência do curso na pandemia, no entanto, também foi um grande aprendizado para Jhonata.
“A pandemia trouxe um desafio grande: a transição do presencial para home office. Mas isso foi muito bom para mim, pois tive a oportunidade no curso de usar e treinar as ferramentas que hoje uso nas minhas atividades do trabalho, que é em essencialmente feito em home office. Aliás, o curso foi fundamental para eu conseguir esse emprego que tenho atualmente, não só pelas técnicas que usei na entrevista, mas pelos conhecimentos ambientais.”, explica.
Para Jhonata, além das técnicas aprendidas no Senai para entrevistas de emprego – que fazem parte do curso EcoSocial, tudo que aprendeu durante o curso sobre as questões ambientais fizeram toda a diferença para ser selecionado para a vaga na FIA. No entanto, ele pontua que para a seleção também foi muito importante a sua experiência e vivência em comunidades.
“Por isso, digo a quem tem a oportunidade de fazer o Niterói Jovem EcoSocial ou qualquer outro curso profissionalizante, como eu: aproveitem ao máximo, não tenham medo de perguntar. Tenham respeito com quem vier de fora para passar ensinamentos. A gente vai se construindo, uma pessoa não nasce profissional, ela se constrói profissionalmente. Quem eu sou hoje na minha carreira foi a soma de 50% do que o EcoSocial me proporcionou, com 50% do meu esforço, dos meus questionamentos”, conta.
A vida hoje – O trabalho de Jhonata hoje consiste em educar socioambientalmente o público mais atingido pelas rendas petrolíferas de Niterói, principalmente os mais jovens. A cidade recebe R$ 1,8 bilhão de renda petrolífera. Além de Niterói, o educador apoia as equipes de Maricá e Guapimirim. E volta e meia está em São Paulo, onde funciona a sede de sua empresa.
Jhonata, que tem um filho de 3 anos – o Miguel – explica que hoje, pela primeira vez em sua vida, depois de anos trabalhando informalmente, consegue se manter e manter o pequeno sem precisar ter mais de um emprego ou trabalhar à noite.
“Quando olho para trás, vejo que sou um vencedor na vida. O Niterói Jovem EcoSocial me abriu uma porta, mas já bati de frente com outra, que pretendo abrir também”, acredita o jovem, que está tentando o Enem para entrar na faculdade pública nos cursos de Engenharia Ambiental e Engenharia de Petróleo e Gás. Se não passar no Enem, Jhonata quer ingressar em uma faculdade particular, como plano B.
Niterói Jovem EcoSocial – O projeto da Prefeitura de Niterói, que está em sua segunda edição, contemplará moradores de 24 territórios de Niterói, entre eles Bonsucesso, Beira da Lagoa, Boa Esperança, Jacaré, Rio do Ouro, Várzea das Moças, Maria Paula, Fazendinha, Praia Grande, Morro da Penha, Teixeira de Freitas, Caranguejo, Juca Branco, Coreia, Coronel Leôncio, Travessas, Nova Brasília, Buraco do Boi, Pátio Leopoldina, Morro da Ilha da Conceição, Boa Vista, São Lourenço, Vintém e Zulu (Santa Rosa).
O EcoSocial II tem vagas para os cursos de Padeiro, Confeiteiro, Operador de Suporte Técnico em TI, Desenvolvedor de Aplicativo, Assistente de Marketing Digital, Eletricista Instalador Residencial, Mecânico de Refrigeração Doméstica, Mecânico de Motos Ciclo Otto, Mecânico de Motocicletas, Auxiliar de Operações Logísticas, Agente de Reflorestamento, Agente de Saneamento e Assistente Administrativo. Para os selecionados, as atividades serão oferecidas de segunda a sexta-feira, sendo três dias da semana na unidade Senai Niterói Barreto e Sesi Niterói e dois dias em comunidades do município definidas no edital para a aplicação de ações na área de meio ambiente.
Lançado em 2019, o Niterói Jovem EcoSocial é um programa que visa promover a inclusão social de jovens em situação de vulnerabilidade social, com idades entre 16 e 24 anos, de forma qualificada, buscando desenvolver habilidades sociais e competências profissionais, por meio de capacitação técnica profissionalizante, elevando o potencial de empregabilidade dos participantes. Os jovens passam por um curso de capacitação na Firjan e posteriormente, fazem atividades de campo nas áreas de reflorestamento; ações preventivas a queimadas e sinalização de trilhas da cidade, entre outras, com remuneração e auxílio transporte.
Fotos: Luciana Carneiro