Itaboraíjá – Você, como jovem de Itaboraí, quais são as suas principais observações em relação a juventude da cidade?
Gabriel Bousquet– Itaboraí se tornou uma cidade ultrapassada, onde a inovação e as novas tecnologias não chegam. E para a nossa nova geração de jovens, essas ferramentas são fundamentais. Nos últimos anos, não tivemos qualquer tipo de investimento, nem por algumas grandes empresas que existem na cidade e muito menos pela prefeitura. Infelizmente, observamos que outras prefeituras e estados estão enaltecendo a juventude através de debates importantes, mas Itaboraí tem ficado para trás nesse ponto e em outros pontos.
Itaboraíjá-Sobre obter conhecimentos, aprender, fazer cursos, você acha que existe esse espaço para os jovens itaboraienses?
Gabriel Bousquet– Recentemente, Itaboraí ganhou um polo do IFF (Instituto Federal Fluminense) em um bairro próximo ao centro da cidade. O Instituto tem ofertado cursos técnicos e profissionalizantes, mas existe muita segregação ainda. Primeiro que nossos jovens têm carência de entender a importância dos estudos, um erro que vem das escolas municipais muito precárias em nosso município. Segundo porque estamos falando de uma instituição centralizada e Itaboraí é uma cidade grande sem mobilidade, transporte e segurança, com isso, jovens de outros distritos preferem não se arriscar vindo até o centro da cidade na tentativa de se qualificarem. Além disso, a prefeitura tem um excelente local que poderia ofertar cursos e atividades complementares e extracurriculares muito interessante, que é o Espaço Universitário.
Itaboraíjá– Sobre oportunidade de trabalho, principalmente dentro da cidade, fale um pouco a respeito.
Gabriel Bousquet– Mais uma vez ficamos de lado quando falamos de oportunidade de emprego. Na minha opinião e experiência, essa é a situação que mais assola hoje nossa juventude. A maioria não consegue emprego dentro da cidade, são diversos os fatores: falta de qualificação e profissionalização, são poucas empresas que oferecem o programa Jovem Aprendiz e existe um preconceito pela sociedade em colocar o jovem no mercado de trabalho porque sua imagem, por vezes, é associada à irresponsabilidade. Muitos jovens conseguem trabalho de forma autônoma como entregadores, motoboys ou ubers.
Itaboraíjá– Porque resolveu ser uma voz que representa a juventude na cidade de Itaboraí?
Gabriel Bousquet– Hoje vejo que os jovens precisam de representação em diversos espaços e me proponho a estar em um deles, brigando por direitos e lutando por conquista para que voltemos a acreditar em um futuro melhor. Minha história começa em 2019, quando fui presidente do Grêmio estudantil do Ciep 129, na entrada da Reta Velha. Lá eu vi de perto a necessidade, não só do jovem, mas de toda a comunidade escolar e da população da nossa cidade. Por isso decidi agir e fazer alguma coisa pela nossa população.
Itaboraíjá– Pensa em usar quais recursos para lutar pelos direitos juvenis?
Desejo ser uma voz ativa e de grande representação não só para o jovem, mas para toda a população da nossa cidade. Busco estar sempre antenado de informações para trazer para nossa cidade. O conhecimento é uma arma muito poderosa e será meu principal recurso. Vou lutar por mais igualdade, respeito e compromisso com o jovem, sobretudo, em relação ao primeiro emprego. Busco a cooperatividade e parcerias junto à espaços e empresas importantes para que fomentem a educação e ofertem emprego em nosso município.
Itaboraíjá- O que você espera para o futuro de Itaboraí?
Gabriel Bousquet– Juventude é futuro. Futuro começa agora. Então precisamos refletir se queremos um futuro promissor e cheio de boas novas ou somente continuar existindo.
Itaboraíjá– Falam muito em que os jovens são o futuro do Brasil, como cuidar desse futuro? Quais investimentos precisam ser feitos?
Gabriel Bousquet– Precisamos ser respeitados. Precisamos ser incluídos. Precisamos de oportunidade. É isso que hoje falta para o jovem novamente voltar a acreditar que tudo pode dar certo. Precisamos renovar e mudar agora.