Escrito por: Katia Rocha
À medida que as flores desabrocham durante o mês da primavera, surge a oportunidade de florescermos a consciência em relação ao cuidado com a saúde mental. Setembro não se trata apenas das cores vibrantes da natureza, mas também é o mês que destaca o Setembro Amarelo, uma campanha crucial de conscientização e prevenção ao suicídio. O Setembro Amarelo foi iniciado no Brasil em 2015, resultado da colaboração entre o CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).
De acordo com dados do governo federal, conforme o Serviço de Segurança Pública, o Brasil está entre os 10 países com maior incidência de suicídios. Em 2022, houve um aumento de 11,8% em comparação com 2021, e esse número vem crescendo no mundo todo.
A escolha do dia 10 de setembro e da cor amarela não foi por acaso, mas possui um significado simbólico e profundo relacionado à prevenção e conscientização sobre o suicídio. O amarelo é utilizado para simbolizar esperança, positividade, otimismo, calor emocional e luz. Além disso, está associado à ideia de alerta, semelhante ao sinal de trânsito em que o amarelo significa “ATENÇÃO”. Nesse contexto, a cor amarela chama a atenção como um lembrete para romper o silêncio em torno do suicídio e incentivar diálogos sobre o assunto.
Ao longo de setembro, somos convidados a aprofundar nossa compreensão dos desafios enfrentados por muitas pessoas em relação à saúde mental. Essa conscientização é fundamental para eliminar estigmas e tabus em nossa sociedade. O suicídio é um problema grave de saúde pública em todo o mundo, afetando milhões de pessoas direta ou indiretamente. É importante entender que o suicídio não é apenas uma questão individual, mas também social, que exige atenção, empatia e ação coletiva.
O suicídio é um tema complexo frequentemente enraizado em problemas psicológicos profundos, como ansiedade, depressão, transtornos de personalidade e traumas. Esses fatores podem levar uma pessoa ao desespero e considerar o suicídio como uma opção. A abordagem psicológica, combinada a outros cuidados
multidisciplinares, pode auxiliar a compreender as raízes desse desejo e desenvolver estratégias eficazes de intervenção. Através de terapia individual ou em grupo, uso de medicamentos quando necessário e outras abordagens, profissionais de saúde mental contribuem para restaurar o equilíbrio emocional e fornecer ferramentas para enfrentar as adversidades das pessoas que enfrentam pensamentos suicidas.
A abordagem psicológica enfatiza o diálogo aberto como instrumento de prevenção ao suicídio. Amigos, familiares e profissionais de saúde mental devem praticar a escuta ativa, uma ferramenta fundamental na terapia. Criar um ambiente seguro no qual as pessoas possam expressar seus sentimentos sem julgamento é essencial para identificar os sinais de alerta e oferecer o suporte apropriado.
Mudanças repentinas de comportamento, isolamento social, manifestações de desesperança e perda de interesse em atividades são alguns dos sinais de alerta que podem ser identificados. Esses indicadores podem apontar a necessidade de atenção imediata e busca por profissionais qualificados para o acompanhamento da saúde mental dessa pessoa.
A primavera nos convida a nos conectarmos com a natureza, interagir com pessoas e apreciar a beleza da estação. Essa conexão social é de suma importância para a saúde mental. Podemos oferecer apoio diariamente àqueles que precisam, estendendo a mão e ouvindo aqueles que sofrem em silêncio, aliviando a dor alheia.
O que você pode fazer hoje por alguém que enfrenta tamanho sofrimento? Plante e floresça a sua alma. Seja girassol! Se estiver precisando de ajuda, ligue para o Centro de Valorização da Vida, disque 188. O telefone está disponível 24 horas.
Fonte: RevistaItaboraíJá
Katia Rocha – CRP 05/59657 Psicóloga especializada em saúde mental e gerontologia pela faculdade Dom Alberto Bacharel em Psicologia pela Universidade Estácio de Sá, Psicóloga Clínica que atua no município de São Gonçalo no Espaço Avançado de Atendimento à Saúde do Idoso, Atendimento clínico particular (online), palestrante de temas relacionados à saúde mental e Coautora do Livro: Saúde Mental do Idoso – Editora APMC.