Ao percorrer as estradas de Itaboraí, é impossível não notar a presença marcante da cerâmica, uma tradição que se enraizou profundamente na cultura local. Filtros de barro, vasos e diversos utensílios feitos com habilidade artesanal são quase sinônimos da cidade. Essas peças não apenas decoram a paisagem, mas também carregam consigo a herança cultural e a história de Itaboraí. Por trás dessa arte, encontra-se um artista apaixonado por seu ofício, Adilson Francisco Ferreira, um oleiro que tem dedicado sua vida a preservar essa tradição.
Com seus 57 anos, Adilson é o artista por trás da obra. Trabalha como oleiro desde os 12 anos, aprendeu o ofício com o cunhado e escolheu Itaboraí como sua casa, cidade à qual dedica grande amor e gratidão por permitir desenvolver seu trabalho. O oleiro é um apaixonado por sua profissão, ao percorrer as ruas de Itaboraí, é possível ver suas peças em diversos pontos da cidade, uma vez que Adilson as produz e vende para revendedores. Essas obras também se encontram em outras cidades, levando a essência da cerâmica itaboraiense a locais distantes.
O desafio da valorização da arte
Apesar de sua dedicação, Adilson relata que a cerâmica, muitas vezes, não é devidamente valorizada. O trabalho árduo e meticuloso que envolve a produção pode levar até 15 dias para concluir uma única peça, dependendo da sua complexidade. Algumas, ainda, podem demandar mais tempo.
Adilson também dedica seu tempo transmitindo seu conhecimento a novas gerações. Ele se dedica a ensinar a arte a outras pessoas, na esperança de despertar o interesse pela cerâmica e garantir que esse ofício perdure. Entretanto, ele lamenta a falta de incentivo e interesse das pessoas em abraçar essa profissão. Segundo Adilson, a cerâmica está em risco de extinção, não apenas por causa da falta de interesse, mas também acesso de fiscalização para o pequeno produtor, que torna o exercício da profissão ainda mais difícil. Ele ressalta que a cerâmica é uma profissão pouco rentável, e os revendedores muitas vezes ganham mais do que os fabricantes. No entanto, ele nos faz refletir: se ninguém fabricar, quem revenderá?
O desafio da próxima geração
Adilson expressa preocupação com a ausência de jovens que desejem seguir a profissão de oleiro, o que ameaça não apenas a sobrevivência da cerâmica, mas também a identidade de toda uma cidade. Ele alerta que, se não houver um esforço conjunto para preservar e valorizar essa tradição, Itaboraí corre o risco de perder um pedaço valioso de sua história e cultura.
A cerâmica de Itaboraí é mais do que uma mera forma de arte, é um patrimônio cultural que merece reconhecimento e preservação. As obras de Adilson representam não apenas sua paixão pelo ofício, mas também uma ligação com a história e a identidade de Itaboraí. A falta de interesse e incentivo ameaça o futuro dessa arte, e a próxima geração desempenha um papel vital na sua preservação. A cerâmica de Itaboraí não é apenas uma manifestação artística, mas uma herança cultural que merece ser apreciada, valorizada e mantida para as gerações futuras.
Fonte e foto: RevistaItaboraíJá