Os moradores da Vila Gabriela têm convivido com duas situações completamente diferentes no mesmo bairro: em dias de sol, muita poeira; em dias de chuva, muita lama. Valmir dos Santos relata suas dificuldades: “Meus filhos são alérgicos, fazem tratamentos e, quando estamos no caminho, sempre inalam a poeira; logo começa a tosse.”
Os moradores relatam que, quando chove, o lamaçal está por todo lado. Eles colocam uma sacola plástica nos pés para chegar ao seu destino sem sujar os pés.
Os problemas, que já deveriam ter sido resolvidos há meses, surgiram com a promessa de pavimentação das vias, que começou em 2022. Em novembro daquele ano, a empresa RR Construções e Reformas de Edifícios venceu a licitação da prefeitura. Na época, o contrato chegou a R$ 8.752.000, com prazo de entrega de oito meses. No entanto, a empresa não cumpriu e desapareceu. Na segunda licitação, houve atraso. Em outubro de 2023, a prefeitura firmou contrato com a Unicol Construtora e Serviços. A estrutura de serviços, de quase 8 milhões de reais, deveria ter sido entregue em seis meses, ou seja, em abril deste ano.
Segundo moradores, na base do terreno da obra, há sinais de que há funcionários trabalhando. Sobre a mesa de refeições, há cafeteira, garrafas vazias, copos e capacetes profissionais. Existe um contêiner equipado com ar-condicionado, mas não há funcionários. Em volta do terreno, a mesma situação de abandono com a qual os moradores convivem há tanto tempo persiste.
Renan Freitas nos relata: “A obra ficou parada por mais ou menos um mês por falta de pagamento da prefeitura à empresa. Quando eles souberam que nós, moradores, estávamos fazendo movimentos para relatar os problemas sobre a obra, voltaram com menos funcionários e não fazem nada; tomam café e vão embora.”
A obra na Vila Gabriela prevê sinalização das ruas e drenagem pluvial. Segundo a lei orçamentária do Município de 2024, foram destinados mais de 71 milhões de reais para esse tipo de melhoria, mas as ruas do bairro estão cheias de valões, com esgoto a céu aberto.
De acordo com o último censo, menos de 2% dos moradores de Itaboraí têm acesso à coleta de esgoto; são mais de 221 mil pessoas sem o serviço básico. Mais de 70% da população não tem acesso à água. Em entrevista, o Sr. Joel, morador do bairro Gabriel há 50 anos, relatou: “Eu nunca tive esgoto no meu terreno; eu mesmo construí o meu.”
Os moradores lamentam o fato de o bairro Vila Gabriela estar assim, abandonado.
Fotos: Luisa Griesang
Fonte: G1