Horas depois que a reitoria da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) cancelou uma reunião do Conselho Universitário na manhã do dia 20 de agosto por medo da mobilização estudantil, alunos da instituição ocuparam mais uma vez o prédio central da universidade contra o corte de auxílios estudantis para mais de 6 mil estudantes, o chamado Aeda da Fome.
Essa é a segunda ocupação do prédio em menos de uma semana. A primeira ocorreu no dia 14/8, mas o prédio acabou desocupado no dia seguinte por uma ação truculenta da reitoria. No meio da repressão, os estudantes ergueram uma ocupação no prédio da reitoria, onde ficaram até expandirem a ocupação mais uma vez para todo o prédio central do campus João Lyra Filho.
O clima da universidade é de tensão. Os estudantes celebram a nova etapa da luta, mas durante a noite denúncias foram feitas sobre a atuação dos seguranças e até mesmo a presença de policiais militares no campus.
A ocupação ocorreu depois e em meio a uma manifestação, durante a qual os estudantes gritaram Vai revogar, vai revogar! Não vai ficar a Deusdará!, em alusão ao vice-reitor Bruno Deusdará que acompanhou pessoalmente a repressão aos alunos na última quinta-feira (15/08). Rapidamente o principal Hall da Universidade estava lotado de estudantes. Em seguida os alunos realizaram uma breve rodada de falas onde defenderam o avanço da luta até a revogação total da AEDA da fome.
Os estudantes denunciaram o ataque da reitoria à democracia estudantil, como a tentativa de desmobilização da Assembleia Estudantil ao convocar uma reunião com o DCE e alguns Centros Acadêmicos que aceitaram negociar a assistência estudantil por migalhas como a proposta de um auxílio emergencial até dezembro. Os estudantes denunciaram que a proposta é uma forma da reitoria lavar as mãos com a situação e deixar os estudantes sem nenhum beneficio durante 2025.
Outra estudante, lembrando das ameaças de um conselheiro universitário no último Consun, afirmou que a reitoria “Pode chamar o choque que a gente vê o que acontece!”, relembrando aos estudantes presentes que a repressão acontece todos os dias nas ruas, nas favelas e que o povo se acostuma a lutar. Por fim reafirmou “Não adianta bater porque vamos tomar isso aqui tudo.”
Após as falas, os alunos iniciaram com prontidão o início da greve de ocupação em todo o campus do Maracanã com a colagem de piquetes e a expulsão dos seguranças concursados, os chamados “capa preta”, principais agentes da repressão no dia 15/8.
Rapidamente os estudantes formaram e fortaleceram barricadas nas portas da universidade e organizaram a porta na qual irá se dar a entrada e saída de estudantes e apoiadores. Foi possível observar uma maior preocupação na organização e na vigilância das entradas e saídas de emergência a fim de elevar a segurança e prevenir a ocupação das futuras investidas da reação.
Fonte: Folha Rj
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