Henry Borel, morto após violentas agressões cometidas pelo padrasto, segundo a polícia; João Pedro, assassinado durante uma operação em São Gonçalo; ou Emily e Rebecca, vítimas de balas perdidas na porta de casa, em Caxias. Os casos de violência ganham nomes próprios e contornos ainda mais trágicos quando cometidos contra crianças e adolescentes. Números do boletim ‘Infância Interrompida’, elaborado pela Rede de Observatórios da Segurança, apontam que, em dois anos, o estado do Rio de Janeiro teve 324 casos de violência contra meninas e meninos. Desses, 37 foram vítimas fatais de balas perdidas.
A Rede de Observatórios aponta 1.473 casos, ou um registro a cada 12 horas, de violência contra crianças nos estados da Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Os números foram coletados entre os meses de junho de 2019 e maio de 2021. No Rio, os casos mais graves são os de homicídio (87), bala perdida (37), violência sexual e estupro (57). O estado também é o líder de registro de ocorrência de agressões físicas: foram 47 em dois anos, mais do que São Paulo (46), estado maior e mais populoso.
Entre os casos de homicídio, agressão física e abandono lembrados pelo boletim estão o de Henry Borel, morto em março após sessões de agressões; o da pequena Ketelen Vitória, torturada pela própria mãe e pela madrasta no município de Porto Real; o de um recém-nascido abandonado em uma lixeira que estava prestes a ser triturada no Complexo do Alemão.