O Governo Federal lança nesta terça-feira, 24 de outubro, o programa Saúde com Ciência, iniciativa inédita em defesa da vacinação e voltada ao enfrentamento da desinformação. A proposta faz parte da estratégia para recuperar as altas coberturas vacinais do Brasil diante de um cenário de retrocesso, principalmente nos últimos dois anos, quando foram registrados os piores índices. A propagação de fake news é um dos fatores que impacta na adesão da população às campanhas de imunização.
A estratégia interministerial tem uma coordenação conjunta da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República e do Ministério da Saúde, com a parceria dos ministérios da Justiça e Segurança Pública, da Ciência e Tecnologia e Inovação, e com a Controladoria-Geral da União (CGU) e Advocacia-Geral da União (AGU), garantindo atuação em diferentes frentes.
Com o objetivo de fortalecer as políticas de saúde e a valorização do conhecimento científico, o Saúde com Ciência é composto por cinco pilares, que envolvem cooperação, comunicação estratégica, capacitação, análises e responsabilização. O programa prevê ainda ações para identificar e compreender o fenômeno da desinformação, promover informações íntegras e responder aos efeitos negativos das redes de desinformação em saúde de maneira preventiva.
Assim, a partir do acompanhamento e análise de fontes de dados relevantes de disseminação de informações falsas no ambiente digital, a meta é desenvolver ações para reduzir e mitigar o efeito negativo desses conteúdos que prejudicam a confiança da população na segurança das vacinas e que impactaram significativamente nas ações promovidas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) nos últimos anos.
Alertas e análises sobre desinformações identificadas serão publicados no portal do Saúde com Ciência, nas redes sociais do Governo Federal e em plataformas de mensagens, como WhatsApp. Pelo portal, a população brasileira terá disponível informações confiáveis sobre vacinação e as fake news que circulam na internet. Esses conteúdos podem ser facilmente compartilhados pela audiência, criando uma rede de informações confiáveis.
Será possível também, por meio de um formulário, enviar informações duvidosas para que a equipe do Ministério da Saúde possa responder em seus canais. O site traz ainda um passo a passo sobre como cada um pode denunciar, nos canais oficiais das plataformas digitais, os conteúdos enganosos, contribuindo para reduzir a sua disseminação na internet.
Ações do Saúde Com Ciência
Site Saúde Com Ciência — O portal Saúde Com Ciência tem como objetivo dar acesso facilitado a informações confiáveis em saúde para população brasileira, além de estimular a consciência social da importância do combate à desinformação sobre saúde pública. Uma das prioridades da Pasta e do Governo Federal é construir inteligência governamental para o enfrentamento à desinformação.
Programa Nacional de Popularização da Ciência — Pop Ciência reúne ações que serão instrumento para o desenvolvimento da cultura científica e estímulo à utilização da ciência, tecnologia e inovação para a inclusão e redução das desigualdades sociais. Dentre as ações do Programa, foi promovido, no último sábado (21), em Brasília (DF), um “hackathon” com estudantes de ensino médio de escolas públicas do Distrito Federal, no âmbito da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Cerca de 80 alunos participaram da competição que teve o objetivo de pensar soluções e estratégias para o enfrentamento à desinformação sobre vacinas. O melhor projeto recebe a premiação nesta terça-feira, na cerimônia o lançamento do “Saúde com Ciência”.
Parceria com as plataformas digitais — A articulação da Secretaria de Políticas Digitais da Secom PR permitiu a parceria, sem ônus para o Estado, com as plataformas de redes sociais – TikTok, Kwai, YouTube e Google – que viabilizarão a divulgação de conteúdos de serviço ao cidadão, incluindo o direcionamento dos usuários para páginas do Ministério da Saúde quando eles realizarem buscas de palavras relacionadas ao tema. A criação de um chatbot tira-dúvidas no Whatapp ocorrerá em parceria com a Robbu e a Meta. As iniciativas envolvem também postagem de vídeos educativos, inovações nas barras de pesquisa e destaque para informações confiáveis em diferentes interfaces como no destaque de calendários de vacinação por estado e outras informações relevantes sobre vacinas.
Saúde com Ciência em 5 PILARES
- Comunicação Estratégica — engloba a criação e implementação de campanhas direcionadas para alcançar os públicos de forma eficaz. O objetivo central é garantir que as pessoas tenham acesso a informações íntegras e respaldadas por evidências científicas. Essa abordagem inclui a criação de novos canais de comunicação para facilitar a disseminação de informações relevantes.
- Capacitação e Treinamento — são elementos-chave para fortalecer a habilidade de analisar criticamente informações e fontes, mitigando assim a influência da desinformação e reduzindo a propagação de informações incorretas. O programa foca na capacitação dos profissionais de saúde que estão na linha de frente, equipando-os com o conhecimento necessário para lidar com a desinformação e promover informações íntegras junto à população.
- Cooperação institucional — a partir de cooperação institucional, estabelecer parcerias sólidas, visando implementar medidas que promovam informações verificadas e que enfrentem a disseminação de notícias falsas que podem comprometer a efetividade das políticas de saúde pública. Essa linha inclui acordos com demais órgãos do Poder Público, veículos de comunicação, empresas de telecomunicações, plataformas digitais, academia, especialistas e organizações da sociedade civil, a fim de ampliar as ferramentas de difusão de informações íntegras e de combate à desinformação.
- Acompanhamento, Análise e Pesquisa — é realizado o acompanhamento, análise e pesquisa de fontes de dados relevantes, sejam elas da mídia, redes sociais, canais digitais ou até mesmo de meios offline. Isso permite entender e avaliar a desinformação em relação às políticas públicas de saúde e, se necessário, encaminhá-las para as devidas ações, incluindo reforço na comunicação ou notificação das autoridades competentes.
- Responsabilização — serão encaminhadas para órgãos competentes, garantindo que a investigação e responsabilização ocorram de maneira adequada. As medidas legais necessárias são tomadas para abordar de forma eficaz cada questão identificada.
É falso! Veja as principais fake news sobre vacinas em circulação nas redes sociais
Durante o processo de elaboração do Saúde com Ciência, o Ministério da Saúde levantou as principais narrativas que circulam nas redes sociais e outras plataformas digitais. No mapeamento diário feito pela pasta, com base em termos relacionados à vacinação, entre julho e setembro deste ano, foram identificados mais de 6,8 mil conteúdos com desinformação sobre vacinas em canais públicos, o que representa um impacto de mais de 23,3 milhões de pessoas. As seis fake news mais recorrentes (e com maior alcance) são:
FAKE NEWS: Vacinas contra Covid-19 são experimentos e não têm comprovação científica
Narrativa: Utilizam supostos estudos estrangeiros para reforçar o falso discurso de que as vacinas de Covid-19 são ineficazes e não foram testadas de forma suficiente, alegando que não têm comprovação científica. Existe uma forte narrativa de que a população foi manipulada com dados e informações falsos sobre a pandemia e a Covid-19 em si, como o rápido contágio e forte disseminação, por exemplo, apenas para servir de cobaia para vacina experimental.
FAKE NEWS: Vacinas causam doenças, como câncer, Aids ou diabetes
Narrativa: afirmam que algumas vacinas, principalmente a contra covid-19, podem desencadear diversos tipos de doenças nos pacientes após a dose. Algumas das mais citadas são câncer, aids, diabetes e pneumonia. Ainda dizem que é comum gerar sequelas gravíssimas e permanentes no corpo.
FAKE NEWS: Vacina de Covid-19 causa modificações na corrente sanguínea ou no DNA
Narrativa: alegam que a vacina poderia causar danos ao paciente após ter contato com a corrente sanguínea. Mais especificamente, o imunizante seria capaz de fazer alterações no sangue, como contaminá-lo (e depois os órgãos) e até mudar o DNA da pessoa. Ainda, alguns defendem que a vacina depositaria fortes toxinas na corrente sanguínea.
FAKE NEWS: Após aplicação das vacinas, a população passa a ter um chip no corpo
Narrativa: teorias falsas de que governos de alguns países estavam utilizando vacinas como desculpa para implantar algum tipo de chip no corpo humano foram umas das primeiras a surgir e seguem em alta até hoje. Este seria um meio, segundo os publicadores, de controlar a mente dos cidadãos e localizar a pessoa em qualquer lugar. Alguns chamam de “chip do diabo”.
FAKE NEWS: Número de mortes por Covid-19 foi falsificado para assustar a população e aplicar vacina experimental
Narrativa: afirmam que algumas informações sobre a pandemia de Covid-19 foram alteradas / falsificadas, sobretudo o número de mortes intensificados, para causar medo na população e levá-los a se vacinar. Os publicadores falam que médicos foram alguns dos principais responsáveis por divulgar número falso de mortos e chegaram até a dizer que os mortos por outras doenças morreram de Covid-19 apenas para aumentar o número de óbitos. Alguns chamam de “fraudemia”.
FAKE NEWS: Teorias da conspiração sobre Bill Gates e uma suposta dominação mundial por meio do uso de vacinas
Narrativa: publicadores afirmam que foi Bill Gates o responsável pela pandemia de Covid-19. Eles dizem ter recuperado supostas postagens de Gates afirmando que ele estava por trás da criação da doença para beneficiar uma futura vacina e até despovoar o mundo. Regiões mais pobres da África e Filipinas são os supostos alvos mais citados pelo público. A fake news mais recente ligada a ele é de que, junto à OMS, Gates estaria pressionando o envio de adesivos de vacina mRNA diretamente para a casa de pessoas pobres, visando maior adesão.
Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República