Depois de receber na tarde deste sábado (16/11) o documento com as propostas dos movimentos da sociedade civil para ser entregue à Cúpula dos chefes de Estado do G20, o presidente Lula foi ao Aliança Global Festival para se despedir da cúpula social do G20. Às 19h55, Lula subiu ao palco acompanhado do compositor Gilberto Gil, da primeira-dama Janja Lula Silva e da ministra da Cultura.
Ele agradeceu aos artistas e ao público por ampliar o clamor do G20 Social pela adesão de governos, indivíduos, empresas e “todos os que se indignam” no movimento global contra a fome. O presidente voltou a alertar que o problema da fome é um problema político, antes de social. E que por isso, as pessoas não devem esperar que os governos ajam: devem agir antes e cobrar.
“Quero agradecer de coração a todos vocês, mulheres, homens, artistas famosos, artistas anônimos, brasileiros e brasileiras que foram solidários ao chamamento da minha querida Janja (primeira-dama), da Margareth Menezes (ministra da Cultura) e de todas as pessoas que trabalharam para que a gente pudesse realizar aqui no Rio de Janeiro esse ato artístico, para que a gente pudesse transformar a questão da fome numa questão política”, declarou.
“A fome não é uma questão da natureza, não é uma questão alheia ao ser humano. A fome hoje é tratada como se não existisse por conta da irresponsabilidade de todos nós, governantes do planeta Terra. E é por isso que nós estamos tratando a fome como uma questão política, para que a gente comece a falar em qualquer lugar”, defendeu.
Pro dia nascer feliz
Durante as apresentações, o público prestigiou grandes nomes da cena musical brasileira. Trazendo uma mensagem inspirada nos povos amazônicos, Fafá de Belém abriu o festival, seguido por Kleber Lucas, que emocionou a plateia com uma apresentação cheia de fé. A noite contou ainda com a participação do poeta Antônio Marinho, que declamou um cordel com mensagens de justiça e sustentabilidade, versos repetidos por Lula ao pegar o microfone.
A ministra Margareth Menezes reforçou o tom de celebração e resistência ao chamar a próxima atração depois de o presidente se despedir. Gil apenas o acompanhou, sem falar. “O show tem que continuar”, disse Margareth, abrindo espaço para a banda Jovem Dionísio, que trouxe ritmos de indie pop. Tássia Reis seguiu, dividindo os vocais com Jota.Pê na clássica Comida, de Os Paralamas do Sucesso e Titãs.
A programação continuou com apresentações de Lukinhas, Romero Ferro, Jaloo e Maria Gadú, culminando em um show vibrante de Alceu Valença e um encerramento memorável com Ney Matogrosso.
Ao final, todos os artistas voltaram ao palco e se apresentaram, juntos, com a música Pro dia Nascer Feliz.
A celebração cultural faz parte da agenda paralela à Cúpula Social do G20 e antecede a Cúpula de Líderes do G20, marcada para os dias 18 e 19 de novembro. O propósito do evento foi lançar uma mensagem sobre o compromisso do Brasil em construir uma rede colaborativa e de impacto duradouro, envolvendo países, organizações e cidadãos na luta pela justiça alimentar.
O Aliança Global Festival Contra Fome e a Pobreza foi uma realização do Governo do Brasil, com correalização da Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) e o apoio do Serpro na infraestrutura de conectividade. Contou com a parceria do Banco do Brasil, BNDES, Caixa, Itaipu, Petrobras, Prefeitura do Rio de Janeiro, Única, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
PROGRAMAÇÃO — O festival foi dividido em três noites temáticas. Na quinta (14), a ancestralidade e a herança africana foram os fios condutores da noite “Muito Obrigado Axé”, que se inspirou no histórico local do evento: a região da Pequena África, onde africanos escravizados desembarcaram no Brasil e que hoje reúne pontos que reverenciam o legado da cultura negra. A direção musical foi assinada por Kainã do Jêje e Marcelo Galter (Aguidavi do Jêje).
A segunda noite (15), intitulada “O show tem que continuar”, trouxe uma inédita orquestra de samba para celebrar o ritmo tipicamente brasileiro, o povo, a arte, o movimento e a rua. A direção musical é de Pretinho da Serrinha.
A terceira e última noite, chamada de “Pro dia nascer feliz”, reuniu múltiplas sonoridades e vertentes musicais para celebrar a diversidade e a esperança em um futuro com justiça social. A direção musical fica com Marcus Preto e Mateus Simões (Nova Orquestra).
Além dos shows, a praça Mauá e os edifícios ao redor se tornaram telas de projeções dos artistas visuais Manuela Navas, Maribê, Thiago Santos e Yan Carpenter.